segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Nós, do VithaMulher, também exigimos a saída de Berlusconi! Pede pra sair, Berlusconi!
Italianas pedem renúncia de Berlusconi
Por Redação, com agências internacionais – de Roma
Berlusconi enfrenta uma série de protestos pela sua renúncia
Milhares de italianas organizaram neste domingo, em diversas cidades do país, um protesto pedindo a saída do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Elas acusam o premier italiano, envolvido em recentes escândalos sexuais, de prejudicar a reputação das mulheres. O dia de protestos ganhou o título de Se Não Agora, Quando?. Para as participantes da manifestação, Berlusconi enfraqueceu a posição das mulheres na sociedade italiana ao tratá-las como objetos.
Personalidades como a atriz Sabina Guzzanti – conhecida por sua imitação de Berlusconi – e a líder oposicionista Rosy Bindi estão participando dos protestos. É esperado que as mulheres saiam às ruas de 60 cidades em toda a Itália.
Berlusconi é acusado de ter mantido relações sexuais pagas com a dançarina de origem marroquina Karima El Mahroug, além de ter influenciado a liberação da jovem quando ela foi detida pela polícia. Conhecida com Ruby, Karima, atualmente com 18 anos, teria participado de festas do primeiro-ministro quando ainda tinha 17 anos. O Ministério Público italiano acusa formalmente Berlusconi por manter relações sexuais com uma menor de idade e por abuso de poder.
Karima admite ter recebido 9 mil euros (cerca de R$ 20 mil) do primeiro-ministro, mas nega que seja prostituta e afirma que a quantia era um presente. Berlusconi nega as acusações e diz que o processo tem motivação política.
No final de janeiro, o nome de uma segunda menor de idade, uma brasileira que teria participado aos 17 anos de festas que incluiriam orgias organizadas por Berlusconi, foi revelado pelos promotores. Iris Berardi já era conhecida pela polícia italiana como prostituta e teria participado de festas em casas do primeiro-ministro na Sardenha e em Milão, dias antes de completar 18 anos.
A popularidade de Berlusconi está em cerca de 35%, e ele mantém o apoio do partido Lega Nord (Liga Norte, de extrema direita), seu principal aliado na coalizão de governo.
No http://blogdadilma.blog.br/
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
História da atuação política da mulher no Brasil
Aldo Rebelo: as mulheres do Brasil, de Catarina Paraguaçu a Dilma
A eleição da primeira mulher para a Presidência da República é um fato distintivo na história do Brasil, tanto quanto o foi a do operário Lula, mas convém divisar a perspectiva histórica, para não alimentarmos nas gerações do presente a falsa noção de que tudo que é importante começa com elas.
Por Aldo Rebelo, na Folha de S.Paulo
Aos governantes, em especial, fascina a ideia de considerar que seus feitos nunca se registraram antes na história. No entanto, se até podem reformar a sociedade, não têm o poder de refundar a nação.
A presença da mulher na formação social brasileira remete ao século 16, nas atitudes de Catarina Paraguaçu (c.1503-1583), a primeira mulher alfabetizada, que questionou aos jesuítas a escravização dos negros em um ambiente colonial em que só os índios eram protegidos pela Igreja Católica. O protagonismo da mulher começa pelas índias, tal e qual anotou generosa e cientificamente Gilberto Freyre, em Casa-Grande e Senzala.
Entre essas avós remotas do Brasil destacam-se também Bartira, a filha do cacique Tibiriçá em São Paulo, e Maria do Espírito Santo Arcoverde, em Pernambuco. Além da herança genética, elas nos transmitiram valores e crenças, deixaram sua marca em traços permanentes da personalidade, dos hábitos, da psicologia, da culinária e das formas próprias que temos de expressar nossa religiosidade.
Mulheres de Estado tivemos várias, a começar por Ana Pimentel, que administrou a capitania de São Vicente de 1534 a 1544, em nome do marido Martim Afonso de Sousa. Letrada, com visão de progresso, Ana Pimentel lançou as bases da pujança paulista, introduzindo o cultivo de frutas, arroz e o boi no Brasil. No mesmo período, Brites de Albuquerque assumia a direção da capitania de Pernambuco, deixando um legado de administradora competente e vitoriosa.
A austríaca Carolina Josefa Leopoldina, que abraçou a causa do Brasil ao se casar com dom Pedro 1º, chegou a exercer a chefia do Conselho de Estado e o cargo de regente em 1822, na ausência do imperador. A princesa Isabel assumiu o Segundo Reinado em três ocasiões, nas viagens do pai, Pedro 2º. Em uma delas, assinou a Lei do Ventre Livre, e, na última, a abolição da escravatura. Já tivemos, portanto, duas chefes de Estado.
Das mulheres que pegaram em armas, é imperdoável omitir Clara Camarão, que combateu os holandeses invasores do Nordeste no século 17; Maria Quitéria, guerreira da Independência; ou Anita Garibaldi, heroína dos dois mundos, por lutar no Brasil e na Itália; e, ainda, Maria Curupaiti, soldado de brio na Guerra do Paraguai. No feminismo, antes da palavra, brilhou o pioneirismo da potiguar Nísia Floresta, que, já na década de 1830, defendia os direitos da mulheres e revolucionou a educação feminina em um colégio do Rio.
Essas considerações se fazem oportunas porque é a noção histórica de nação que forja um país. Acima dos gêneros e das etnias, e mesmo das classes sociais, que sempre vão reivindicar suas legítimas especificidades, a nação avança ancorada em aspirações permanentes de que a velha e boa questão nacional é o denominador comum.
Em todos os movimentos de ruptura de nossa história — a saber, guerra aos holandeses, Independência, Abolição, República e Revolução de 1930 — prevaleceu a união de forças heterogêneas. Nenhum movimento social ou político, de qualquer natureza, tem o poder de conquistar sozinho, discriminando os demais e desdenhando a trajetória nacional, as transformações profundas que o país precisa realizar para se tornar poderoso no mundo e melhorar as condições de vida de seu povo.
* Aldo Rebelo é jornalista e deputado federal (PCdoB-SP)
No http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=147358
A presença da mulher na formação social brasileira remete ao século 16, nas atitudes de Catarina Paraguaçu (c.1503-1583), a primeira mulher alfabetizada, que questionou aos jesuítas a escravização dos negros em um ambiente colonial em que só os índios eram protegidos pela Igreja Católica. O protagonismo da mulher começa pelas índias, tal e qual anotou generosa e cientificamente Gilberto Freyre, em Casa-Grande e Senzala.
Entre essas avós remotas do Brasil destacam-se também Bartira, a filha do cacique Tibiriçá em São Paulo, e Maria do Espírito Santo Arcoverde, em Pernambuco. Além da herança genética, elas nos transmitiram valores e crenças, deixaram sua marca em traços permanentes da personalidade, dos hábitos, da psicologia, da culinária e das formas próprias que temos de expressar nossa religiosidade.
Mulheres de Estado tivemos várias, a começar por Ana Pimentel, que administrou a capitania de São Vicente de 1534 a 1544, em nome do marido Martim Afonso de Sousa. Letrada, com visão de progresso, Ana Pimentel lançou as bases da pujança paulista, introduzindo o cultivo de frutas, arroz e o boi no Brasil. No mesmo período, Brites de Albuquerque assumia a direção da capitania de Pernambuco, deixando um legado de administradora competente e vitoriosa.
A austríaca Carolina Josefa Leopoldina, que abraçou a causa do Brasil ao se casar com dom Pedro 1º, chegou a exercer a chefia do Conselho de Estado e o cargo de regente em 1822, na ausência do imperador. A princesa Isabel assumiu o Segundo Reinado em três ocasiões, nas viagens do pai, Pedro 2º. Em uma delas, assinou a Lei do Ventre Livre, e, na última, a abolição da escravatura. Já tivemos, portanto, duas chefes de Estado.
Das mulheres que pegaram em armas, é imperdoável omitir Clara Camarão, que combateu os holandeses invasores do Nordeste no século 17; Maria Quitéria, guerreira da Independência; ou Anita Garibaldi, heroína dos dois mundos, por lutar no Brasil e na Itália; e, ainda, Maria Curupaiti, soldado de brio na Guerra do Paraguai. No feminismo, antes da palavra, brilhou o pioneirismo da potiguar Nísia Floresta, que, já na década de 1830, defendia os direitos da mulheres e revolucionou a educação feminina em um colégio do Rio.
Essas considerações se fazem oportunas porque é a noção histórica de nação que forja um país. Acima dos gêneros e das etnias, e mesmo das classes sociais, que sempre vão reivindicar suas legítimas especificidades, a nação avança ancorada em aspirações permanentes de que a velha e boa questão nacional é o denominador comum.
Em todos os movimentos de ruptura de nossa história — a saber, guerra aos holandeses, Independência, Abolição, República e Revolução de 1930 — prevaleceu a união de forças heterogêneas. Nenhum movimento social ou político, de qualquer natureza, tem o poder de conquistar sozinho, discriminando os demais e desdenhando a trajetória nacional, as transformações profundas que o país precisa realizar para se tornar poderoso no mundo e melhorar as condições de vida de seu povo.
* Aldo Rebelo é jornalista e deputado federal (PCdoB-SP)
No http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=147358
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Empregada doméstica é uma profissão e, como tal, tende a ser valoriza e bem remunerada.

PARA FHC , QUE MORRE DE INVEJA DE LULA
Achar doméstica vira desafio na metrópoleFamílias antes acostumadas a contar com serviços dentro de casa têm de adaptar hábitos ou pagar salários melhores
Brasil tende a seguir caminho dos países desenvolvidos, onde contratar empregadas é luxo, diz especialista
Brasil tende a seguir caminho dos países desenvolvidos, onde contratar empregadas é luxo, diz especialista
Isadora Brant/Folhapress |
Kátia e Fernando não acham substituta para Daniela (de roxo); eles contam com Flavia (de branco) para cuidar dos 6 filhos
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO
Há 15 anos, bastava um anúncio de três linhas no jornal para atrair 200 candidatas a um emprego doméstico numa segunda de manhã.
Hoje, com ofertas também via SMS e internet, menos de 30 candidatas por dia vão às agências atrás de uma vaga, dizem profissionais de recrutamento ouvidos pela Folha.
O resultado da conta é que os salários subiram e está cada dia mais difícil de encontrar mão de obra disponível.
A diretora de RH Cinthia Bossi, 39, abriu mão de contar com alguém que dormisse em casa ou trabalhasse nos finais de semana. Chegou a trocar de empregadas seis vezes em cinco meses e vai ter que trocar pela segunda vez neste mês. Nos últimos três anos, o salário que paga subiu de R$ 600 para R$ 1.000.
Ela não é exceção. As donas de casa estão tendo que abrir mão de antigas "mordomias", como ter uma auxiliar 24 horas por dia, com folgas quinzenais. "Já tenho amigas que abrem mão de alguém que cozinhe e colocam as crianças na escola mais cedo. Se querem a empregada no sábado, pagam hora extra."
A técnica em alimentos Kátia Ramos, 34, também desistiu de ter alguém que durma em sua casa. Chegou a passar um mês sem empregada e babá -com quadrigêmeos de 1 ano e 11 meses e dois filhos adolescentes.
Ela cogita cortar de vez a despesa com o auxílio doméstico quando os filhos crescerem. Hoje, já ajuda nas tarefas da babá e cozinha.
Especialistas ouvidos pela Folha traçaram o seguinte panorama: mais mulheres entraram no mercado de trabalho, precisando cada vez mais de empregadas para cuidar de casa. Ao mesmo tempo, o aumento das oportunidades de trabalho e de educação fez com que menos pessoas quisessem seguir o trabalho doméstico, ainda muito discriminado, inclusive pela legislação do país.
"Estamos em um período de transição", afirma Eduardo Cabral, sócio da empresa de RH Primore Valor Humano. "Talvez a próxima geração valorize mais a doméstica porque estão ouvindo mais os pais falando dessa dificuldade de encontrá-las."
Para a pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, esse período de transição, até haver uma real valorização do trabalho doméstico, ainda vai durar uns 20 anos.
Mas a curto prazo, diz ela, a relação entre patrão e empregado vai mudar, passando a ser mais profissional.
"A tendência é que se torne um luxo, ao menos nos grandes centros", afirma Cássio Casagrande, procurador do Ministério Público do Trabalho e professor de direito constitucional da Universidade Federal Fluminense.
A experiência de Michelle Almeida, 29, é ilustrativa. Ela começou como babá em 2003, ganhando R$ 350 mensais e dormindo na casa dos patrões. Agora em seu terceiro emprego, após dois cursos de capacitação como babá, ganha R$ 1.300, de segunda a sábado, das 8h às 18h.
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO
Há 15 anos, bastava um anúncio de três linhas no jornal para atrair 200 candidatas a um emprego doméstico numa segunda de manhã.
Hoje, com ofertas também via SMS e internet, menos de 30 candidatas por dia vão às agências atrás de uma vaga, dizem profissionais de recrutamento ouvidos pela Folha.
O resultado da conta é que os salários subiram e está cada dia mais difícil de encontrar mão de obra disponível.
A diretora de RH Cinthia Bossi, 39, abriu mão de contar com alguém que dormisse em casa ou trabalhasse nos finais de semana. Chegou a trocar de empregadas seis vezes em cinco meses e vai ter que trocar pela segunda vez neste mês. Nos últimos três anos, o salário que paga subiu de R$ 600 para R$ 1.000.
Ela não é exceção. As donas de casa estão tendo que abrir mão de antigas "mordomias", como ter uma auxiliar 24 horas por dia, com folgas quinzenais. "Já tenho amigas que abrem mão de alguém que cozinhe e colocam as crianças na escola mais cedo. Se querem a empregada no sábado, pagam hora extra."
A técnica em alimentos Kátia Ramos, 34, também desistiu de ter alguém que durma em sua casa. Chegou a passar um mês sem empregada e babá -com quadrigêmeos de 1 ano e 11 meses e dois filhos adolescentes.
Ela cogita cortar de vez a despesa com o auxílio doméstico quando os filhos crescerem. Hoje, já ajuda nas tarefas da babá e cozinha.
Especialistas ouvidos pela Folha traçaram o seguinte panorama: mais mulheres entraram no mercado de trabalho, precisando cada vez mais de empregadas para cuidar de casa. Ao mesmo tempo, o aumento das oportunidades de trabalho e de educação fez com que menos pessoas quisessem seguir o trabalho doméstico, ainda muito discriminado, inclusive pela legislação do país.
"Estamos em um período de transição", afirma Eduardo Cabral, sócio da empresa de RH Primore Valor Humano. "Talvez a próxima geração valorize mais a doméstica porque estão ouvindo mais os pais falando dessa dificuldade de encontrá-las."
Para a pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, esse período de transição, até haver uma real valorização do trabalho doméstico, ainda vai durar uns 20 anos.
Mas a curto prazo, diz ela, a relação entre patrão e empregado vai mudar, passando a ser mais profissional.
"A tendência é que se torne um luxo, ao menos nos grandes centros", afirma Cássio Casagrande, procurador do Ministério Público do Trabalho e professor de direito constitucional da Universidade Federal Fluminense.
A experiência de Michelle Almeida, 29, é ilustrativa. Ela começou como babá em 2003, ganhando R$ 350 mensais e dormindo na casa dos patrões. Agora em seu terceiro emprego, após dois cursos de capacitação como babá, ganha R$ 1.300, de segunda a sábado, das 8h às 18h.
No http://aposentadoinvocado1.blogspot.com/
PLC 122 - para “proteger uma parcela da população que vive sob ameaça”
Marta Suplicy consegue as 27assinaturas para tirar PLC 122 da gaveta
Reprodução
Marta está à toda com PLC 122
O primeiro ato da Senadora Marta Suplicy no Senado foi conseguir as 27 assinaturas necessárias para desengavetar o PLC 122, projeto de lei que quando aprovado tornará crime atos homofóbicos e discriminatórios contra homossexuais no Brasil. O PLC 122 foi arquivado no dia 02 de janeiro pelo regimento do Senado, que obriga o aquivamento de todo projeto de lei que já tramite por oito anos sem ter sido votado em plenário.
O PLC 122 encontra forte resistência dos setores evangélicos do Senado e Câmara dos Deputados. Além das 27 assinaturas, é necessário que o PLC 122 ganhe nova relatoria, já que Fatima Cleide, que era a relatora do Projeto de Lei, não foi reeleita. Marta vai assumir essa função. Estes atos eram promessa de Marta.
Toda rápida, Marta Suplicy já conseguiu o número mínimo necessário de assinaturas para desarquivar o projeto. Ela teria 30 dias, segundo o regimento da casa, mas conseguiu todas as assinaturas em apenas um dia. Na noite desta quinta-feira, 3, ela apresentou as assinaturas para a Mesa diretora e pediu seu desarquivamento.
Próximo passo
Eleita vice-presidente da casa, Marta disse que a discussão sobre essa lei será feita “sem pressa e com amplo espaço para o contraditório. Marta, que mal assumiu seu cargo no Senado já anunciou que estaria disposta a assumir a relatoria do PLC 122, justificou a importância do texto. Segundo ela, a questão é “proteger uma parcela da população que vive sob ameaça”.
Eleita vice-presidente da casa, Marta disse que a discussão sobre essa lei será feita “sem pressa e com amplo espaço para o contraditório. Marta, que mal assumiu seu cargo no Senado já anunciou que estaria disposta a assumir a relatoria do PLC 122, justificou a importância do texto. Segundo ela, a questão é “proteger uma parcela da população que vive sob ameaça”.
Uma vez desarquivado, o projeto volta para a Comissão de Direitos Humanos do Senado, onde tramitava antes de ir para a gaveta. Caso aprovado, ele segue para a Comissão de Constituição e Justiça antes de ser submetido à votação em plenário.
No http://blogdadilma.blog.br/
FSM - da resistência à construção de alternativas
Uma breve história do Fórum Social Mundial
Nas origens do FSM estão o “grito zapatista” de 1994 e as manifestações em Seattle, em 1999, que impediram a realização da reunião da OMC. Na sequência, o movimento anti-neoliberal passou da fase de resistência à fase de construção de alternativas. Este FSM demonstrará se permanece na fase de resistência, de fragmentação de temáticas, de limitação à “sociedade civil” ou se se coloca à altura da etapa atual de disputa hegemônica, já não mais a nível nacional ou regional, mas a nível global. A análise é de Emir Sader.
Emir Sader
O Fórum Social Mundial já tem história. Uma história que não pode ser entendida separada daquilo que lhe deu nascimento e a que ele está intrinsecamente vinculado: a luta contra o neoliberalismo e por um mundo posneoliberal – que é o sentido de seu lema central “Um outro mundo possível”.
Nas suas origens está o “grito zapatista” de 1994”, conclamando à luta global contra o neoliberalismo. Em seguida, veio o editorial do Le Monde Diplomatique, de Ignacio Ramonet, chamando à luta contra o “pensamento único”, seguida pelas manifestações em Seattle, que impediram a realização da reunião da OMC e as outras, em tantas cidades do mundo. Enquanto isso, se realizavam anualmente manifestações na Suiça, chamadas de anti-Davos.
Até que, com o crescimento da resistência ao neoliberalismo, se pensou no projeto de organizar um Forum Social Mundial em oposição ao Forum Economico de Davos. A idéia foi de Bernard Cassen, jornalista francês que naquele momento dirigia a Attac, que ao mesmo tempo propôs que a sede fosse na periferia do sistema – onde residem as vitimas privilegiadas do neoliberalismo -, na América Latina – onde se desenvolviam os principais movimentos de resistência, no Brasil – que tinha a esquerda mais forte naquele momento – e, em particular, em Porto Alegre – pelas políticas dos governos do PT, de Orçamento Participativo.
Depois do primeiro Fórum se constituiu um Conselho Internacional, com participação de todas as entidades que quisessem se incorporar, porém a direção continuou em um estrito grupo de entidades brasileiras, dominadas por ONGs. Este foi um limitante original do FSM, dado que o movimento se apoiava centralmente em movimentos sociais – de que a Via Campesina agrupa a parte significativa deles -, enquanto as ONGs – cujo caráter ambíguo, até mesmo neoliberal pela sua definição anti-governamental, mas também com várias delas com ações obscuras no seu sentido, no seu financiamento e nas suas alianças com grandes empresas privadas – se apoderava do controle da organização, imprimindo-lhe um caráter restrito.
Restrito, porque limitado a um suposta “sociedade civil”, o que já lhe imprimia um caráter liberal, oposto a governos, a partidos, a Estados, bloqueando a capacidade de construção de “um outro mundo possível”, que teria que ser um mundo global, com transformação das relações de poder, do Estado e da sociedade no seu conjunto. Também ficava fora um tema que passou a ser central no mundo conforme os EUA adotavam sua política de “guerras infinitas” – a luta pela paz -, que no entanto representou o momento de maior capacidade de mobilização dos novos movimentos populares no mundo, com as mobilizações de resistência à guerra do Iraque, em 2003.
O Conselho Internacional decidiu a alternância de sedes do FSM, que passou a se realizar em outros continentes, com o que se realizaram encontros na Índia e no Quênia. Também decidiu que os FSM seriam realizadosa cada dois anos, alternados por FSM regionais. No entanto o FSM passou realmente a girar em falso conforme a definição inicial de se limitar um espaço de troça de experiências entre entidades da “sociedade civil” foi limitando suas temáticas e sua capacidade de formular alternativas. Nem sequer balanços das maiores mobilizações populares jamais havidas, as contra a guerra do Iraque, foram feitas, para definir a continuidade da luta.
A fragmentação dos temas se acentuou conforme foi decidido que as atividades dos FSM seriam “autogestionadas”, sem definição política dos temas fundamentais, que deveriam ser financiados centralizadamente, promovendo um imenso privilegio das ONGs e outras entidades que dispõem de recursos contra os movimentos sociais – que deveriam ser os protagonistas fundamentais do FSM.
Hoje, o FSM tem em governos latinoamericanos progressistas os agentes de construção da agenda proposta pelo movimento. Os movimentos sociais que souberam rearticular de maneira criativa suas relações com a esfera política – de que a fundação pelos movimentos bolivianos do MAS – e disputar a criação de novos governos e a construção de projetos hegemônicos alternativos, avançaram significativamente na criação do “outro mundo possível”. Enquanto que os que seguiram refugiados na chamada “autonomia dos movimentos sociais” – como os casos dos piqueteiros argentinos ou dos zapatistas – perderam peso ou até mesmo tenderam a desaparecer politicamente.
Em 2009, o Fórum voltou ao Brasil, sendo realizado em Belém, no Pará. O encontro foi marcado, entre outras coisas, pela presença de 5 presidentes latino-americanos – Evo Morales, Rafael Correa, Hugo Chavez, Fernando Lugo e Lula, líderes de governos que, em distintos níveis, colocam em prática políticas que identificaram, desde o seu nascimento, o FSM: a Alba, o Banco do Sul, a prioridade das políticas sociais, a regulamentação da circulação do capital financeiro, a Operação Milagre, as campanhas que terminaram com analfabetismo na Venezuela e na Bolívia, a formação das primeiras gerações de médicos pobres no continente, pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, a Unasul, o Conselho Sulamericano de Segurança, o gasoduto continental, a Telesul – entre outras. A cara nova e vitoriosa do FSM, nos avanços da construção do posneoliberalismo na América Latina.
O FSM 2009 foi marcado também pela forte presença d os povos indígenas e pelo Forum PanAmazonico, com os movimentos camponeses e a Via Campesina, os sindicatos e o Mundo do Trabalho, os movimentos feministas e a Marcha Mundial das Mulheres, os movimentos negros, os movimentos de estudantes, os de jovens.
O movimento anti-neoliberal passou da fase de resistência à fase de construção de alternativas. Este FSM demonstrará se permanece na fase de resistência, de fragmentação de temáticas, de limitação à “sociedade civil” ou se se coloca à altura da etapa atual de disputa hegemônica, já não mais a nível nacional ou regional, mas a nível global, quando a crise capitalista e o esgotamento do modelo neoliberal coloca para o FSM seu maior desafio: ser agente na construção concreta do “outro mundo possível” ou permanecer como espaço de testemunhos, ricos, mas impotentes.
O Fórum Social Mundial 2011, em Dakar, ganhou uma nova agenda com a onda de protestos populares que já atingiu a Tunísia, o Egito, o Iêmen e a Jordânia. O mais significativo de todos, sem dúvida, é o Egito, em função do que o país representa em termos geopolíticos no Oriente Médio. Egito e Arábia Saudita são dois pilares centrais da aliança EUA-Israel na região. Uma mudança de regime político em um desses dois países pode significar um terremoto geopolítico de grandes proporções.
A aplicação da consigna do FSM aos problemas dessa região coloca a seguinte questão: “Outro Oriente Médio é possível?”. O que está acontecendo no Egito mostra que o castelo das autocracias apoiadas e sustentadas pelos EUA é menos sólido do que parecia. Milhões de jovens, homens e mulheres, estão nas ruas dizendo que é possível, sim. E necessário.
A aplicação da consigna do FSM aos problemas dessa região coloca a seguinte questão: “Outro Oriente Médio é possível?”. O que está acontecendo no Egito mostra que o castelo das autocracias apoiadas e sustentadas pelos EUA é menos sólido do que parecia. Milhões de jovens, homens e mulheres, estão nas ruas dizendo que é possível, sim. E necessário.
No http://blogdadilma.blog.br/
Assinar:
Postagens (Atom)