sábado, 17 de julho de 2010

Cadê o respeito pelo(a) leitor/audiência?

 16 de julho de 2010 às 17:38

Venício Lima: A velha mídia finge que o país não mudou

A velha mídia finge que o país não mudou
Venício Lima*, no Observatório de Imprensa
Apesar de não haver consenso entre aqueles que estudaram o processo eleitoral de 1989 – as primeiras eleições diretas para presidente da República depois dos longos anos de regime autoritário –, é inegável que a grande mídia, sobretudo a televisão, desempenhou um papel por muitos considerado decisivo na eleição de Fernando Collor de Mello. O jovem e, até então, desconhecido governador de Alagoas emergiu no cenário político nacional como o “caçador de marajás” e contou com o apoio explícito, sobretudo, da Editora Abril e das Organizações Globo.
No final da década de 80 do século passado, o poder da grande mídia na construção daquilo que chamei de CR-P, cenário de representação da política, era formidável. A mídia tinha condições de construir um “cenário” – no jornalismo e no entretenimento – onde a política e os políticos eram representados e qualquer candidato que não se ajustasse ao CR-P dominante corria grande risco de perder as eleições. Existiam, por óbvio, CR-Ps alternativos, mas as condições de competição no “mercado” das representações simbólicas eram totalmente assimétricas.
Foi o que ocorreu, primeiro com Brizola e, depois, com Lula. Collor, ao contrário, foi ele próprio se tornando uma figura pública e projetando uma imagem nacional “ajustada” ao CR-P dominante que, por sua vez, era construído na grande mídia paralelamente a uma maciça e inteligente campanha de marketing político, com o objetivo de garantir sua vitória eleitoral [cf. Mídia: teoria e política, Perseu Abramo, 2ª. edição, 1ª. reimpressão, 2007].
2010 não é 1989
Em 2010 o país é outro, os níveis de escolaridade e renda da população são outros e, sobretudo, cerca de 65 milhões de brasileiros têm acesso à internet. A grande mídia, claro, continua a construir seu CR-P, mas ele não tem mais a dominância que alcançava 20 anos atrás. Hoje existe uma incipiente, mas sólida, mídia alternativa que se expressa, não só, mas sobretudo, na internet. E – mais importante – o eleitor brasileiro de 2010 é muito diferente daquele de 1989, que buscava informação política quase que exclusivamente na televisão.
Apesar de tudo isso, a velha mídia finge que o país não mudou.
O CR-P do pós-Lula
Instigante artigo publicado na Carta Maior por João Sicsú, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA e professor do Instituto de Economia da UFRJ, embora não seja este seu principal foco, chama a atenção para a tentativa da grande mídia de construir, no processo eleitoral de 2010, um CR-P que pode ser chamado de “pós-Lula”.
Ele parte da constatação de que dois projetos para o Brasil estiveram em disputa nos últimos 20 anos: o estagnacionista, que acentuou vulnerabilidades sociais e econômicas, aplicado no período 1995-2002, e o desenvolvimentista redistributivista, em andamento. Segundo Sicsú, há líderes, aliados e bases sociais que expressam essa disputa. “De um lado, estão o presidente Lula, o PT, o PC do B, alguns outros partidos políticos, intelectuais e os movimentos sociais. Do outro, estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o PSDB, o DEM, o PPS, o PV, organismos multilaterais (o Banco Mundial e o FMI), divulgadores midiáticos de opiniões conservadoras e quase toda a mídia dirigida por megacorporações”.
O que está em disputa nas eleições deste ano, portanto, são projetos já testados, que significam continuidade ou mudança. Este seria o verdadeiro CR-P da disputa eleitoral para presidente da República.
A grande mídia, no entanto, tenta construir um CR-P do “pós-Lula”. Nele, “o que estaria aberto para a escolha seria apenas o nome do ‘administrador do condomínio Brasil’. Seria como se o ‘ônibus Brasil’ tivesse trajeto conhecido, mas seria preciso saber apenas quem seria o melhor, mais eficiente, ‘motorista’. No CR-P pós-Lula, o presidente Lula governou, acertou e errou. Mas o mais importante seria que o governo acabou e o presidente Lula não é candidato. Agora, estaríamos caminhando para uma nova fase em que não há sentido estabelecer comparações e posições (…); não caberia avaliar o governo Lula comparando-o com os seus antecessores e, também, nenhum candidato deveria (ser de) oposição ou situação (…); projetos aplicados e testados se tornam abstrações e o suposto preparo dos candidatos para ocupar o cargo de presidente se transforma em critério objetivo”.
Sicsú comenta que a tentativa da grande mídia de construir esse CR-P se revela, dentre outras, na maneira como os principais candidatos à Presidência são tratados na cobertura política. Diz ele: “a candidata Dilma é apresentada como: ‘a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata à Presidência’. Ou ‘a candidata do PT Dilma Rousseff’. Jamais (…) Dilma (é apresentada) como a candidata do governo (…)”. Por outro lado, “Serra e Marina não são apresentados como candidatos da oposição, mas sim como candidatos dos seus respectivos partidos políticos. Curioso é que esses mesmos veículos de comunicação, quando tratam, por exemplo, das eleições na Colômbia, se referem a candidatos do governo e da oposição”.
Novos tempos
Muita água ainda vai rolar antes do dia das eleições. Sempre haverá uma importante margem de imprevisibilidade em qualquer processo eleitoral. Se levarmos em conta, no entanto, o que aconteceu nas eleições de 2006, o poder que a grande mídia tradicional tem hoje de construir um CR-P dominante não chega nem perto daquele que teve há 20 anos. E, claro, um tal CR-P não significaria a eleição garantida de nenhum candidato (a).
O país realmente mudou. A velha mídia, todavia, insiste em “fazer de conta” que tudo continua como antes e seu poder permanece o mesmo de 1989. Aparentemente, ainda não se convenceu de que os tempos são outros.
*Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.
In: http://www.viomundo.com.br/politica/venicio-lima-a-velha-midia-finge-que-o-pais-nao-mudou.html

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ABAIXO O MACHISMO!

O delegado que não assistiu ao estupro pretende culpar a vítima?

“Eu não posso dizer que houve estupro. Houve a conjunção carnal. Houve o ato. Agora, se foi concedido ou não, se foi na marra eu não posso fazer esse comentário porque eu não estava presente”.
Palavras do delegado Nivaldo Rodrigues, diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis, a respeito da denúncia de estupro feita pela família de uma menor contra dois (ou três) menores.
Acho que o delegado deve mesmo ser cauteloso. Acho importante preservar sempre a presunção de inocência. Acho que é preciso sempre preservar menores de idade.
Porém, a declaração do delegado me parece muito com a argumentação de advogados de defesa, quando pretendem culpar a vítima.
Já vi isso quando eu era um jovem repórter e o cantor Lindomar Castilho assassinou Eliane de Grammont. Para mencionar um caso mais atual, tenho visto isso em relação ao caso do goleiro Bruno, quando se tenta desqualificar a vítima com o intuito de sugerir que ela mereceu ser morta. Trinta anos se passaram e o machismo resiste firme e forte na sociedade brasileira. É como se as mulheres pedissem para morrer ou, pelo seu comportamento, se oferecessem para o estupro.
No caso de Santa Catarina, é óbvio que houve uma tentativa de proteger adolescentes de famílias influentes. Para além disso, no entanto, não deixa de ser chocante que um delegado se comporte como se fosse advogado de defesa dos acusados. Sim, ele não estava lá, como provavelmente nunca esteve lá em nenhum dos crimes que investigou. Se pretendia ser cauteloso, não deveria nunca sugerir que a menor acusadora teria “concedido” sexo aos dois (ou três) menores que ela agora acusa de estupro. Ao fazer o que disse que não pretendia fazer, ele “especulou” em defesa dos acusados.
In:http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/o-delegado-que-nao-assistiu-ao-estupro.html

terça-feira, 6 de julho de 2010

Dizem que a mulher É o sexo frágil Mas que mentira Absurda! (Erasmo Carlos)

Mulher que sai na frente,mulher dona-de-casa,mulher pra presidente


Mulheres guerreiras
A força de trabalho da mulher brasileira é grande. Está espalhada nas lavouras, no artesanato, nas fábricas, no campo, nas cidades, e nas residências. Cada uma com sua história de vida.
Elas conquistaram espaço, respeito e admiração. Em um passado recente mulheres brasileiras fizeram-se presente na história de uma geração que lutava pelos ideais de uma juventude que sonhava com a liberdade de uma nação.
Hoje são destaques em suas áreas e revelaram para nós a doçura e a dureza de serem mulheres que ousaram seguir caminhos em defesa de um país livre e democrático.
Mulheres que na juventude se entregaram na luta de uma causa em que muitos insistiam em não enxergar, os destinos da nação. Lutaram com suas forças que escondiam a fragilidade feminina, em busca de uma pátria livre.
Quem sabe faz a hora não espera acontecer. Mulheres que saem na frente pela democracia, Mulher estudante, Mulher dona de casa, Mulher presidente.
 In: dilma13.blogspot.com

Mulher que se atrasa, Mulher que vai na frente, Mulher dona-de-casa, Mulher pra presidente (Ultraje a Rigor)

A Mulher e uma Sociedade mais Justa





*por Fernando Rizzolo

Superar as diferenças que existem entre homens e mulheres no mercado de trabalho, nas oportunidades, nas religiões sempre foi um desafio tanto daqueles que se propõem a ter uma visão reformista da situação quanto daqueles que almejam, através da política, promover projetos de inclusão da mulher na vida pública ou na defesa da integridade física feminina, frequentemente vítima da sociedade em que os homens legislam.

No caso do Brasil, talvez a condição da mulher seja pior que em outros países. Numa sociedade em que a maioria da população ainda tem baixo poder aquisitivo, muitas vezes o salário da mulher complementa a renda familiar, isso quando não acaba sendo o único recurso para prover o sustento do lar. Com efeito, os movimentos feministas de libertação da mulher no mundo sempre polarizaram a discussão entre homens e mulheres em relação às conquistas no mercado de trabalho e no que diz respeito às oportunidades sociais, tudo isso como se o homem fosse, em si, o ponto central da questão feminista.

Na realidade, esse jogo, que poderíamos caracterizar como uma manobra diversionista, nunca denunciou por completo que a luta pelos direitos reais da mulher deveria ser travada com a união da força de trabalho dos homens, que, cerrando fileiras com as trabalhadoras, avançariam em direção a uma sociedade mais justa e menos fragmentada pela visão tendenciosa e divisionista desses movimentos, cujos objetivos sempre esbarraram no vazio dos avanços sociais e se debelam na disputa entre os sexos.

A notícia de que o Brasil caiu nove posições e atingiu o 82.º lugar no ranking de desigualdade entre homens e mulheres no mundo, segundo relatório do Índice Global de Desigualdade de Gêneros 2009, do Banco Mundial, divulgado neste mês de outubro, nos leva a uma profunda reflexão sobre o papel da mulher na sociedade brasileira. Apesar de estarmos entre os locais com atendimento à saúde menos discriminatório, os pesquisadores responsáveis pelo estudo viram um aumento na lacuna entre a renda de homens e mulheres que trabalham em posições semelhantes e na renda mensal estimada.

Promover uma participação mais justa da mulher na sociedade vai muito além da questão discriminatória; deverá agregar maior inclusão por parte da mulher na vida pública, uma vez que, no Brasil, a política ainda é, na maioria, exercida pelos homens. Tornar o Congresso Nacional mais feminino, mais suave, é expressar o que, na realidade, já ocorre na sociedade, cujo papel da mãe, da esposa, da profissional serve como baluarte da estrutura familiar, suprindo uma lacuna do Estado, que, por vezes, se omite em seu papel provedor, tanto em relação aos homens quanto em relação às mulheres.

Fernando Rizzolo é advogado, pós-graduado em Direito Processual, mestrando em Direito Constitucional, Prof. do Curso de Pós Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP). Participa como coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, é membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, foi articulista colaborador da Agência Estado, e editor do Blog do Rizzolo - www.blogdorizzolo.com.br
In: dilma13.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Apenas o Datafolha e o IBOPE não detecta o óbvio

Jornal português: Dilma, 46%; Serra, 38%. Ai é, ó pá?

Ninguém me pergunte de onde eles tiraram estes números, porque eu não sei. Estou republicando porque estão publicados na web.
Mas que bate com os tais oito pontos de vantagem que se cochicha aqui e ali na imprensa e nos meios políticos, isso bate. É o que saiu na internet hoje, publicado pelo jornal Diário de Notícias, um dos maiores e mais respeitados de Portugal.
Vou reproduzir, literalmente, o trecho da matéria, que você pode ler, na íntegra,  na internet, clicando aqui.
“Serra, que foi ministro da Saúde no Governo de Fernando Henrique Cardoso e governador de São Paulo, enfrenta uma tarefa difícil. A candidata de Lula, a ex-ministra Dilma Roussef, não só lidera as sondagens como tem ao seu lado o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, indicado pelo PMDB – o principal partido do país, que apoiou o antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, durante os oito anos do seu mandato e fez o mesmo durante o mandato de Lula, nos oito anos seguintes. Lula e Cardoso são adversários, mas o PMDB – do ex-presidente José Sarney – apoiou um e outro sem problemas. Sem precisar de indicar o seu próprio candidato à presidência.
Enquanto Dilma está com 46% das preferências de voto e Serra com 38%, a candidata verde, senadora Marina Silva, está abaixo de 10%. O seu vice é o empresário Guilherme Leal, dono da Natura, uma indústria de cosméticos que sempre se notabilizou por preocupação ambiental.”
Insisto, não tenho qualquer informação sobre quem fez e quando se fez esta tal pesquisa. A única informação que tenho é a que está publicada. Mas que, ora, pois, pois, é uma maravilha, é.
  por Brizola Neto
In: http://www.tijolaco.com/

domingo, 4 de julho de 2010

O povo indígena merece ser melhor representado

ÍNDIO DA COSTA E AS EXPRESSÕES PEJORATIVAS CONTRA OS GRUPOS INDÍGENAS

Da editoria-geral do Terra Brasilis
O que o deputado federal Antonio Pedro de Siqueira Índio da Costa (DEM-RJ) tem a ver com alguns dos diversos grupos étnicos indígenas que habitam ou habitaram o território brasileiro, especificamente? Ao que se sabe, NADA. Que laços consanguíneos e culturais o vice de José Serra (PSDB) possui com os índios? Ao que se sabe, NENHUM.

Diante dessa constatação, eu fiquei a me perguntar: por que, então, alguns blogues andam redigindo "programa de índio", "projeto de governo de Serra é de índio", "mim não saber ser vice" quando se referem ao vice, Índio da Costa? O uso dessas expressões se faz presente, inclusive, nos blogues que apoiam a candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. Será que, ao usar tais expressões, as editorias-gerais desses blogues não estariam incorrendo em um equívoco descritivo do comportamento indígena? Será que o viés dessa visão antropologicamente distorcida não contribui para aprofundar o já secular preconceito contra essa etnia, submetendo-a ao deboche de uma sociedade na qual impera o consumismo, o individualismo e o não respeito à natureza, por exemplo?

Consideremos a análise da primeira expressão ["programa de índio"]: O que ela vem a significar, em nossa comunidade linguística, em termos semântico-pragmáticos? Um simples debruçar-se sobre os sentidos emanados do "programa de índio" nos leva a uma ideia negativa, pois remete a tudo que não pertence à sociedade industrializada e tecnológica. É como considerar "horrendo" fritar um peixe em cima de um pequeno feixe de lenha, pois o "saudável", "prático" e, portanto, "civilizado" é descongelar um peixe - sabe-se lá há quantos dias em refrigeração - e metê-lo em um aparelho micro-ondas. Agir de acordo com a primeira possibilidade é coisa de índio, ultrapassado, nada civilizado, sem valor, um... "programa de índio".

Quanto à segunda expressão ["projeto de governo de Serra é de índio"], há de se perceber que, no afã de desacreditar um projeto de governo que em nada representa os anseios do povo brasileiro [incluo, aqui, as comunidade indígenas], descamba-se para a gratuidade de uma concepção a partir da qual se firma a incapacidade de um grupo que, ao contrário, sabe lidar muito mais com aquilo que aprendeu com a natureza do que os ditos civilizados, doutos, não-apedeutas.

Evidente que não está se falando dos índios que foram dolorasamente aculturados, pois estes olham o mundo que os cerca com os olhos de uma civilização que os cega. Daí, os frequentes suicídios, o devastador alcoolismo e o desencanto com um ilusório mundo que os engole. O alvo aqui é toda uma cultura indígena, disseminada nos mais variados grupos étnicos. O alvo aqui são as Tribos e Nações Indígenas que lutam por manter vivos seus ideais de permanência no seio da Mãe-Terra. É em defesa dessa sofrida e usurpada, mas altiva gente, que repudio o uso pejorativo de tais expressões.

O deputado federal e vice de Serra dever ser tratado no âmbito estritamente político e não associado, por meio de expressões negativas e pejorativas, a uma cultura e a um povo que em nada se parece com esse senhor que traz em seu registro o nome "Índio".

Dividindo poder e responsabilidades

Brasileiros querem avanços na igualdade de sexo


 
O Brasil é o segundo país onde mais gente acredita que é necessário avançar na igualdade entre homens e mulheres. Uma pesquisa realizada com 24.790 pessoas em 22 países, pela Pew Research Center, dos Estados Unidos, revela que 95% dos entrevistados brasileiros defendem que as mulheres devem ter direitos iguais aos dos homens, e 84% responderam que é preciso ser feito mais para que isso seja atingido.
Este resultado só ficou atrás do Japão, onde 89% dos entrevistados afirmaram que são necessárias mudanças para aumentar a igualdade entre os sexos e 89% dos entrevistados acreditam que deve haver igualdade de direitos.
A pesquisa marca os 15 anos da quarta Conferência Mundial da ONU sobre Mulheres, em Pequim, que resultou em uma declaração afirmando que “homens e mulheres deveriam dividir poder e responsabilidade em casa, no trabalho e nas comunidades nacionais e internacionais”. O objetivi da pesquisa é justamente checar até que ponto os princípios da declaração foram adotados.
Em linhas gerais, o estudo concluiu que, apesar de a grande maioria dos entrevistados concordar com a noção de igualdade de direitos, muitos deles são reticentes em aceitá-la quando ele implica, por exemplo, em concorrência no mercado de trabalho. O resultado mostra que a grande maioria dos entrevistados expressou apoio à igualdade entre homens e mulheres e concordou que as mulheres devem poder trabalhar fora. A Nigéria foi o único país onde menos da metade dos entrevistados acredita na igualdade de direitos (45%).
Em 19 dos 22 países, a maior parte dos entrevistados concorda que um casamento em que marido e mulher dividem despesas e responsabilidades domésticas é mais satisfatório do que o casamento em que o homem é o provedor e a mulher cuida do lar. No Brasil esse número chega a 84%. O Paquistão foi o único país onde a grande maioria dos entrevistados (79%) acredita que um casamento em que o homem provém e a mulher cuida da casa é melhor.
 Da BBC Brasil
por Mulheres com Dilma

Quando a noticia é contra a mídia...

FAMÍLIA DE MENOR ESTUPRADA POR FILHINHOS DE PAPAI CLAMA POR JUSTIÇA
A sociedade catarinense não vai deixar que filho de delegado de polícia e dono de rede de tv, rádios e jornais – RBS – (Diário Catarinense, Jornal de Santa Catarina, Jornal A Hora de Santa Catarina, Jornal A Notícia, Rádio Itapema, Rádio Atlândida FM, CBN Diário) fiquem impunes. Não é mesmo governador Leonel Pavan?
Mâes denunciam estupro em Florianopolis envolvendo filhos de delegado e dono da midia do sul do pais.
TIjoladas MEGA BOMB DO ANO – Estupro de menina por três rapazes menores, entre eles o filho do dono de uma rede de TV da Capital, ainda não virou notícia na RBS. Sr. Sérgio Sirotsky o que o senhor acha desse crime? Atualizado – O desabafo de uma amiga da família, da menina que tentou suicídio. TIJOLADAS

In: http://tvflorianopolis.blogspot.com/2010/06/estupro-em-florianopolis-envolve-filho.html

Por amor à vida

Violência também é questão de saúde


 
A violência é a maior causa de internação dos brasileiros. O levantamento, realizado pelo Ministério da Saúde (MS), inclui violência doméstica, no trânsito, sexual e urbana, entre outras. Além do tratamento das lesões causadas por cada situação, o governo está preocupado com a saúde mental das vitimas de violência.
As 448 maiores cidades do país já contam com uma rede integrada de atendimento para tratar os casos. Nesses municípios, o profissional de saúde que recebe um paciente vítima de violência preenche uma ficha de identificação. “As vítimas, geralmente, são atendidas primeiro nos pronto- socorros. Se for o caso, elas são encaminhadas para um tratamento psicológico”, explica Marta Alves, coordenadora de prevenção de violências e acidentes do MS.
Estresse pós-traumático, distúrbios e fobias são comuns entre as vítimas de violência. Mesmo se não for identificado um trauma já no primeiro diagnóstico, o paciente pode procurar uma unidade básica de saúde ou mesmo um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS). “Somos parceiros em diversas campanhas educativas, como a que previne o uso de crack, no combate a mistura bebida e direção”, reforça Marta.
Vida real
As marcas da violência, muitas vezes, deixam mais do que cicatrizes no corpo. É bastante comum o psicológico ser abalado por uma situação grave de violência. Esse foi o caso da catarinense Maria Aparecida Marques, que aos seis anos foi abusada sexualmente pelos dois irmãos esquizofrênicos e um vizinho. Com vergonha da família, preferiu não contar a ninguém.
O segredo a perturbou por vários anos até explodir em uma crise de estresse-pós traumático. “Tive um surto muito forte, não conseguia fazer nada.  Tinha medo dos meus irmãos. Eu já era casada, eles já não podiam me encontrar mas mesmo assim vivia tudo de novo”. Aparecida  também desenvolveu distúrbio bipolar e começou a ter visões. “Foram noves anos de surtos frequentes, o tratamento foi sofrido, mas eu venci.”
Hoje, mãe de dois filhos e com 41 anos, Aparecida faz tratamento no CAPS de Laguna (SC), cidade onde mora. Ela garante que é muito bem assistida e faz diversas atividades terapêuticas no Centro.
por Mulheres com Dilma

A história de uma heroína

Torre das Donzelas

Como era a vida de Dilma Rousseff na masmorra que abrigava presas políticas durante o regime militar no presídio Tiradentes
Luiza Villaméa e Claudio Dantas Sequeira
( REVISTA ISTO É )

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COMPANHEIRAS DE CADEIA
Dilma, Eleonora, Guiomar, Rose e Cida na época em que foram presas

Durante quase três anos, Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República, morou na Torre das Donzelas. A construção colonial não pertencia a nenhum palácio. Encravada no presídio Tiradentes, em São Paulo, ganhou o singelo nome por abrigar presas políticas do regime militar. Para chegar à Torre, Dilma e suas companheiras atravessavam um corredor com celas em uma das laterais. Os cubículos eram ocupados pelas corrós, as presas correcionais, tiradas de circulação por um mês, em geral por vadiagem ou prostituição. Essas mulheres costumavam ficar seminuas ou com a roupa virada pelo avesso, para se apresentarem em trajes limpos quando liberadas.
“Terrorista! Linda! O que você está fazendo aqui?”, gritavam as corrós ao verem passar uma nova presa política. Depois do corredor, havia um pequeno pátio. Em seguida, vinha a Torre. Dilma atravessou o corredor das corrós em fevereiro de 1970, aos 23 anos, após mais de 20 dias nos porões da repressão política. “Ela chegou fragilizada pela tortura, mas logo se recuperou”, lembra a jornalista Rose Nogueira, 64 anos, que passara pelo mesmo processo três meses antes.
Ao entrar pela primeira vez na Torre, Dilma viu as celas pequenas do térreo e duas escadarias laterais que saíam de uma espécie de hall e se encontravam no piso superior. Nesse andar, havia a cela 4, chamada de celão, pois se espalhava por 80 metros quadrados. Tinha também a cela 5, mais tarde adaptada como cozinha, e a 6, que Dilma dividiu com outras mulheres. “No começo, ficávamos na tranca o tempo todo”, conta a advogada Maria Aparecida Costa, a Cida Costa, 65 anos, uma das ocupantes da cela 6. Depois de algumas semanas e muitas reivindicações, as celas passaram a ficar abertas durante o dia.
Não demorou para que as donzelas da Torre se agrupassem, primeiro com base nas organizações clandestinas às quais pertenciam no “mundão”. Porque a Torre, no vocabulário das presas, era o “mundinho”. Mas as afinidades pessoais também contavam muito, como relata a médica e pesquisadora Guiomar Silva Lopes, 66 anos. “No mundão, o vínculo era de vida e morte”, diz Guiomar. “Na cadeia, estabelecemos uma relação de confiança inabalável.” Dilma é até hoje lembrada pelo espírito solidário. Durante um período, cuidou de uma estudante de arquitetura. “Quando a menina chegou da tortura, estava muito desestruturada emocionalmente”, afirma a advogada Rita Sipahi, 72 anos. “A Dilma ficou de olho nela o tempo todo para evitar que cometesse algum desatino.”
Com a possibilidade de circular entre as celas, as presas políticas tentavam curar as feridas umas das outras e também se organizavam. Havia escala para as tarefas da limpeza e da cozinha. Com os víveres levados pelas famílias, elas preparavam as próprias refeições. Algumas conseguiam bons resultados, embora só contassem com dois fogareiros elétricos. Outras, nem tanto. A dupla mais desastrada na cozinha era formada por Dilma e Cida. “Não dominávamos a arte do tempero”, reconhece Cida. Numa ocasião, as duas resolveram caprichar no preparo de um prato de legumes. Acabaram servindo uma sopa de quiabo intragável. “Ficamos um pouco frustradas com o resultado, pois havíamos nos esforçado.”
Dilma se sobressaía nos grupos de estudo. “Ela é muito engenhosa na macroeconomia”, elogia outra companheira da Torre, a economista Diva Burnier, 63 anos. Na cadeia, Dilma, que abandonara a faculdade por causa da clandestinidade, dava aulas de economia para as colegas e participava dos debates. Num deles, defendeu a ampliação dos limites marítimos do Brasil. “Embora fosse uma iniciativa dos militares, Dilma apoiava, pois acreditava ser uma questão de soberania”, recorda Rose. “Hoje é fácil perceber a importância daquela decisão, tanto por causa da biodiversidade como pelo pré-sal.”
Aos 82 anos, a advogada Therezinha Zerbini, mulher do general Euryale de Jesus Zerbini, cassado em 1964, também recorda de Dilma com admiração. Presa na Torre durante o ano de 1970, Therezinha se destacava tanto pela origem quanto por ser uma senhora entre a população carcerária extremamente jovem. “As amigas dela me chamavam de ‘burguesona’ e ela me defendeu. Ela tinha uma liderança nata”, diz Therezinha. Quando precisava, Dilma endurecia. No final do ano, Therezinha estava bordando o vestido que a filha usaria no Réveillon quando um grupo de militares a procurou. “Acho que queriam me convencer a entrar num programa de arrependidos”, diz, referindo-se aos presos que foram à tevê renegar a opção pela resistência ao regime. “Não quis atendê-los. Eles voltaram mais tarde e, quando eu estava mandando-os ir embora, a Dilma gritou: ‘Dá duro neles, Therezinha. Se precisar, nós colocamos todos para fora’ .”
Naqueles tempos, a atitude desafiadora só seria possível mesmo no presídio Tiradentes. Como muitos torturadores costumavam repetir durante as sessões que promoviam, o Tiradentes “era o paraíso”. Isso porque, ao entrar no presídio, a pessoa estava com a prisão reconhecida pelo Estado. Às vezes, era levada para interrogatórios em outras instituições, mas praticamente não corria risco de morrer ou “desaparecer”. Na escala macabra estabelecida nos porões do regime, a Operação Bandeirante (Oban) era o inferno, ficando o purgatório por conta da Delegacia Estadual de Ordem Política e Social (Deops). Como várias companheiras de cadeia, Dilma passou pelo inferno e pelo purgatório antes de chegar à Torre.
Por conta das sevícias, sofreu uma disfunção hormonal que levou anos para ser curada. Não perdeu, porém, o gosto pela vida. Com Cida, passava horas lendo os livros de ficção científica. Quando o rodízio do único aparelho de tevê da Torre caía em sua cela, entrava na madrugada vendo os filmes da sessão “Varig, a dona da noite”. Aprendeu até a bordar. “Ela fez uma tapeçaria com flores coloridas, que colocamos na parede”, lembra Rose. Na Copa do Mundo de 1970, acompanhou os jogos de perto. “A Dilma torceu muito pela Seleção Brasileira”, diz a socióloga Rosalba de Almeida Moledo, 66 anos.
No período em que o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, seu companheiro, permaneceu encarcerado no Tiradentes, Dilma se comunicava com ele com a ajuda dos presos comuns. A rota usada por ela e outras presas políticas consistia em baixar mensagens por meio de uma corda artesanal, chamada “teresa”, para a carceragem dos “comuns”, que ficava embaixo da Torre. “De cela em cela, as mensagens chegavam ao destinatário, na ala dos presos políticos”, comenta Guiomar. “O recurso também era fundamental para sabermos o que estava acontecendo lá fora.”
Outro canal com o “mundão” eram as visitas, nas tardes de sábado, a maioria proveniente da capital paulista. “Nossas famílias, de Belo Horizonte, não conseguiam viajar com tanta frequência”, diz a pró-reitora da Universidade Federal de São Paulo, Eleonora Menicucci de Oliveira, 66 anos. “De qualquer forma, a mãe da Dilma e o irmão dela conseguiam vir bastante. Era uma alegria.” Para a mãe e as irmãs de Eleonora, viajar era mais complicado. Elas cuidavam de Maria, a filha de Eleonora, que tinha apenas um ano e dez meses quando a mãe foi presa.
Conhecidas desde os tempos em que estudavam em Belo Horizonte, Dilma e Eleonora comemoravam com as meninas da Torre o Natal, o Réveillon e o Carnaval. As fantasias eram improvisadas, é claro, mas havia até desfile no “celão”. No caso de Dilma, as estratégias para manter o moral elevado atrás das grades também passava pelo humor. “Ela pôs apelido em todas nós”, conta Rita. “Uma era a Ervilha, outra a Moló, porque tinha jogado um coquetel-molotov em uma ação.” Essa faceta pouco conhecida de Dilma é ressaltada por outras entrevistadas. “Ela tem um humor impagável”, garante Eleonora. Quando a hoje presidenciável deixou a Torre, as companheiras de cadeia repetiram o ritual criado para o momento da libertação: cantaram “Suíte do Pescador”, de Dorival Caymmi, que começa com o verso “Minha jangada vai sair pro mar”. Quase 40 anos depois, tudo o que sobrou do presídio foi o portal de pedra, tombado como patrimônio histórico. No final de 1972, a construção de 1852 começou a ser demolida, para a construção do metrô paulistano.

Por Enio - Maquinista do PTrem das Treze
In: http://dilma13.blogspot.com