segunda-feira, 28 de junho de 2010

O amor cultivando a vida

Viajei a negócios ao interior do Paraná e, ao voltar, deparo com um milagre. Minha filha Victoria engordou, está sorridente e, pela primeira vez em seus onze anos de vida, interessou-se por um brinquedo.  É um boneco de pano, “José” – como foi chamado por Letícia, minha neta, que o cedeu de bom grado a Victoria apesar de, aos nove anos, ser ciumenta de seus brinquedos.
Apesar do nome, a aparência do brinquedo não me diz de que sexo ele é, pois tem rosto de criança. Mas se as meninas acham que é homem, ou menino, que seja.
Victoria sorriu, enamorada, para o brinquedo. Bem diante de mim, pouco depois de minha filha Carla, mãe de minha neta, ter me contado que, durante a minha ausência, a irmãzinha doente tentou tocá-lo com a ponta dos dedos, o que me pareceu um tanto quanto impossível porque Victoria não detém capacidade de usar voluntariamente os seus membros.
Todavia, depois de sorrir para “José”, como Carla me havia dito que fizera, Victoria tentou tocá-lo de novo bem na minha frente, como que tentando me dizer que a irmã dissera a verdade, ainda que a suposta tentativa tenha sido através de movimento impreciso, mas que me pareceu inequívoco…
Não tenho como dizer da alegria que me preencheu a alma. Até porque, o que vi de mais espantoso foram os olhos de Victoria. Eles brilham. Pude perceber a vida pulsando neles. Vendo-a assim, fica impossível crer nas previsões dos médicos.
Neste momento, vejo-me na contingência de descrer da medicina e de acreditar no poder maior da natureza, no poder da vida, a qual sempre encontra o seu caminho através da menor condição para que viceje. É o fenômeno que povoou a Terra e que talvez tenha se reproduzido em outras partes do Universo.
Reflito que nada somos, que nada determinamos, que somos apenas seres infinitesimais, em termos cósmicos. É muita pretensão nossa querermos estabelecer prazos para a vida ou decretarmos a existência ou não de um Ser Superior.
Hoje, na Folha de São Paulo, li uma matéria bem interessante sobre um cientista renomado que passou a acreditar em Deus ao contemplar mais detidamente o milagre perfeito da natureza. E ele não é um caso isolado. Outros cientistas se converteram à crença religiosa, convencidos de que tanta perfeição da natureza não pode ser mero “acidente”.
Ao me dobrar às maravilhas da natureza e à força da vida, não me engano com a minha filha. Apenas passo a entender que não devo aceitar decretos sobre o dia final de qualquer ser vivo, pois talvez o maior poder da Criação seja o de desconcertar os que acreditam que a entendem. O que posso dizer, apenas, é que a vida ainda pulsa com vigor em Victoria.
In: http://www.blogcidadania.com.br/2010/06/a-vida-pulsa-em-minha-filha/

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