quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A mulher geralmente capricha no que faz, além de agir com extrema responsabilidade. Só nos falta capricho e responsabilidade para denunciar a violência contra a mulher.

Mulher no trânsito

Como cobrar respeito como motorista?
por Equipe Bolsa de Mulher em 26 de novembro de 2010 | 13:39

Olá! Os temas trânsito, mulher e cidadania despertam o interesse de todos. Por conta disso, abriremos espaço para colunistas convidados. São profissionais que vão expor sua visão, trazer novas informações e tornar nosso bate-papo muito mais rico. Hoje, a jornalista Samantha Shiraishi fala sobre o respeito no trânsito.

“Há tempos eu acompanho, por força da minha experiência de vida, os números e os dados sobre segurança para famílias no Brasil. Não vivi nenhuma experiência ruim, não, eu apenas sou filha de defensora pública e atuei como secretária de minha mãe antes de começar minha carreira como jornalista. O que vejo hoje é que a violência na família e contra mulher avançou para a violência contra a mulher no trânsito. Não importa que a mulher seja uma motorista mais tranquila – dados estatísticos apontam um envolvimento menor de mulheres em acidentes de trânsito – e que algumas empresas de seguros de veículos até ofereçam descontos quando o principal condutor especificado no plano for uma mulher, o fato é que nós sempre somos alvo de preconceito, a tal ponto que isso se torna um ponto de vulnerabilidade psicológica para a motorista.


E por que eu falo isso? Ora, agressão verbal é uma forma de violência psicológica, muito embora nossa sociedade aceite a agressão física e não se importe tanto assim com a agressão verbal, ela afeta a autoestima, a produtividade e a assertividade de suas vítimas. E no trânsito a mulher é a vítima mais frequente, pois não faltam piadas, comentários e até xingamentos sobre suas “habilidades inferiores” como motorista, não é mesmo?
Os posts que escrevi sobre a Lei Maria da Penha e sobre Delegacia de Mulheres são, há mais de ano, os que mais trazem leitores para meu blog nos mecanismos de busca, o que me faz ver como as mulheres buscam apoio na internet. Recebi até alguns comentários emocionados, verdadeiros desabafos, que me dão ânimo para escrever mais e mais sobre mundo feminino e os preconceitos vividos pelas mulheres.
A Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei Maria da Penha, de 07/08/2006) foi criada para proteger mulheres vítimas de agressões domésticas e no primeiro ano em vigor reduziu o número de denúncias desse tipo de violência – em 2010 os dados demonstram que o número cresceu 112%.
O nome é uma homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia que trabalhou durante 20 anos para ver seu agressor condenado e se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica – em 1983 Maria da Penha ficou paraplégica depois de baleada nas costas pelo marido, Marco Antonio Heredia. Em 2001, após 18 anos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos responsabilizou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica, mas somente em 2003 o ex-marido de Maria da Penha foi preso.
A ideia da lei é boa e merece o respeito e divulgação. Mas, de lá para cá, surgiram muitas críticas por conta de denúncias sem fundamento (como a mulher que o faz para se vingar do parceiro) e houve uma redução nas queixas porque as mulheres ficaram com receio de registrar as ocorrências – antes podiam fazer e, depois de uma semana, retirar, mas com a nova lei, se denunciam, não podem mais retirar a queixa e têm medo de que o parceiro seja incriminado.
No trânsito, em casa, no trabalho, é nosso dever não aceitar que nossos direitos sejam negligenciados para que possamos melhorar as condições da sociedade em que vivemos – nem que para isso a gente precise procurar uma Delegacia da Mulher e prestar queixa do que está errado - porque é assim que se cria um espaço de convivência melhor e mais justo para todos. Eu tenho tentado fazer a minha parte – e você?”

Por Samantha Shiraishi - jornalista profissional, diplomada pela UFPR. Atuou durante 10 anos em redações de jornais e revistas no Brasil e no Japão. Edita também, em parceria com W3Comunicação, a revista eletrônica De olho nos blogs. É voluntária da SaferNet e embaixadora 2.0 do movimento Todos Para Educação. Desde junho de 2010 é a representante da América Latina no Norton Online Family Advisory Council.
Blog – A vida como a vida quer – www.samshiraishi.com

No http://blog.bolsademulher.com/decarona/2010/11/26/mulher-no-transito/

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