GUEST POST: AS MULHERES REALMENTE PODEM SE CASAR?


Escrevo, Lola, escrevo. Escrevo para perguntar: será que as mulheres podem realmente se casar? Quanto mais penso em cima deste assunto, vejo que não, que elas não podem se casar. O que a mulher, em nossa sociedade machista e arraigadamente machista pode fazer é responder que “sim”, que “não” e, quando muito, que “talvez”. Esta tríade de possibilidades dá a falsa impressão de que as mulheres estão livres para bater suas asas, ao contrário de um passado extremamen

Em outras palavras, se a mulher pode responder de três formas diferentes (formas estas que abrangem todas as possibilidades de resposta -– ainda que isto não seja o suficiente, como veremos), ela possui realmente toda a abrangência nas questões matrimoniais? Não, pois estamos nos esquecendo de metade da equação: a pergunta. A mulher em nossa sociedade não pode perguntar, ela pode apenas responder –- a velha história da figura da mulher como ser passivo guiado (me desculpem se a comparação é rude, mas é o que ocorre) como um cavalo -– ou como Brás Cubas em cima do menino

Durante os séculos de perpetuação do galanteio exclusivamente masculino e da passividade retórica feminina, a mulher, aquela princesa trancafiada no castelo, está presa na liberdade de poder responder e apenas responder ao cavaleiro que a espera embaixo em seu cavalo branco. Se antigamente -– que não está tão envelhecido de nós -– a mulher não tinha nem esta possibilidade de resposta, hoje ela ainda não possui toda a completude da situação. Afinal de contas, se em nossa sociedade apenas o homem “pode tomar uma ação”, se apenas o homem “pode pedir em casamento / pedir a mão”, como as mulheres podem ter pleno controle?
Se dizem que “sim”


E quando se diz que “não”? Entramos logo no fantasma da “titia” que ronda o imaginário destas mulheres sob a fala de inúmeras pessoas: da mãe, que quer que a filha constitua uma família (obrigatoriamente e inevitavelmente constituir uma família, como se isso fosse uma decisão irremediável e que não pudesse ser decidida), do pai, das amigas...
Pra não falar na i

Sendo assim, se existem pressões sociais e psicológicas (resultados de processos históricos e não do “feminismo malvado que fez com que as mulheres parassem de serem felizes”) por todos os lados que tencionam à resposta do “sim”, destrambelhadamente ou não, como dizer que a mulher possui livre arbítrio? É muito fácil cair nesta resposta simples de liberdade, como se a liberdade fosse uma dimensão alheia ao espaço e ao tempo, como se a liberdade existisse abiogeneticamente, desconectada de tudo. Como se ela não dep

O que devemos pensar, nos perguntar e refletir é: apenas o homem é e deve ser o ser realmente ativo de uma relação? A mulher é um depósito, é um oráculo místico que apenas responde às pergun

Talvez no dia em que a pergunta for pesada da mesma forma que a resposta poderemos ter reflexões realmente livres e libertas –- e não falsamente libertas. Afinal de contas, e pense rápido, o que é pior: o “titio” que está sempre no bar “pegando todas” com um copo de cerveja e um sorrisão no rosto (com uma camisa havaiana, óculos de sol, na beira de uma piscina, quase um Lolito), ou a “titia”, a um passo da depressão da passividade?
No http://escrevalolaescreva.blogspot.com/
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