sábado, 25 de junho de 2011

Isso, Dilma, chega de juros altos!

Dilma cobra BC sobre juros

Dilma cobra BC sobre juros


Sob o comando da Fazenda, integrantes do governo têm apresentado à presidente números mostrando que não há mais necessidade de o Banco Central continuar elevando a taxa Selic, que está em 12,25%

VICENTE NUNES

ROSANA HESSEL



Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press




Dilma Rousseff tem se reunido constantemente com o ministro Guido Mantega para discutir a economia



Gente graúda da equipe econômica está convencendo a presidente Dilma Rousseff de que não há mais necessidade de o Banco Central aumentar a taxa básica de juros (Selic), que, neste mês, passou de 12% para 12,25% ao ano. Vários argumentos vêm sendo apresentados a Dilma, que já demonstrou interesse em confrontar as informações usadas pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, para justificar o aperto monetário iniciado em janeiro último e que, segundo o Comitê de Política Monetária (Copom), será bastante prolongado.

Quem acompanha de perto os bastidores do governo garante que o mentor da operação batizada de “basta de juros altos” é o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o qual a presidente tem conversado quase que diariamente. Os argumentos usados por ele para mostrar a Dilma um quadro mais confortável para o combate à inflação são consistentes. Segundo Mantega, as medidas adotadas tanto pelo BC quanto pela Fazenda para reduzir o ritmo da atividade já atingiram seu objetivo. Além disso, os preços dos combustíveis, que distorceram os índices do início do ano, voltaram à normalidade e a economia mundial passou a ser deflacionária, ao se mostrar mais fraca do que se imaginava.

Para Mantega, com os Estados Unidos e a Europa andando a passos mais lentos, as mercadorias com cotação internacional (commodities), como os grãos (soja, milho e trigo) e os minérios, contribuirão para manter a inflação dentro do previsto pelo BC — entre 0,37% e 0,39% ao mês ou 4,5% ao ano. Sendo assim, não há porque, na avaliação de Mantega, o Copom forçar ainda mais a mão na Selic, disparadamente, a maior taxa do mundo.

Sem confronto

O grupo que se posiciona contra o BC alega que a instituição não pode ceder às pressões do mercado financeiro, que prevê pelo menos mais uma alta de

0,25 ponto na taxa básica em julho. Os analistas, inclusive, têm elevado, há duas semanas consecutivas, as previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2012, justamente para onde mira a política monetária. “Ou seja, o Copom não pode simplesmente endossar as apostas de bancos e corretoras e lhes garantir lucros fáceis. É preciso deixar a miopia de lado e ver que a Selic está em um nível suficientemente alta para fazer a inflação convergir para o centro da meta no ano que vem”, diz um assessor do Planalto.

Nos números apresentados por Mantega a Dilma, a inflação deste ano ficará abaixo de 6%, mesmo que o BC não aumente mais os juros. Nos mesmos relatórios, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) oscilará entre 4% e 4,5%. “Não se pode interpretar as posições do Ministério da Fazenda como um confronto com o BC. A relação de Mantega com Tombini é muito boa, ao contrário do que acontecia com Henrique Meirelles à frente da autoridade monetária”, afirma um técnico da Fazenda.

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