quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Naturalmente, quanto maior o número de faculdades de Direito e de vagas, menor o custo do ensino superior e mais pessoas poderão ter acesso à qualificação profissional. Menos faculdades de Direito, menor número de vagas e cursos mais caros. Resultado, mais elitização do ensino e do acesso à justiça. Essa pirâmide ascendente reflete na lei da oferta e da procura, desencadeia nos altos custos de honorários advocatícios e, consequentemente, menos pessoas podem pagar. "

O DISCURSO ELITIZADO DOS DIRIGENTES DA OAB EM FAVOR DO EXAME DE ORDEM

O problema da elitização da educação não obsta somente os pobres de terem acesso às universidades, mas impede que mentes soberbas tenham acesso a níveis de reflexão mais elevados, corroborando com a perpetuação da ignorância.

Os brasileiros que se consideram da elite insistem em cindir o Brasil em dois, ou seja, o Brasil daqueles que podem ter acesso ao que o dinheiro pode pagar: um país restritivo, desigual; e o Brasil dos milhares de Tiriricas que lutam para conquistar o seu lugar ao sol, os quais, quando conquistam algo que a elite julgava pertencer somente aos seus pares, ao invés de serem aplaudidos por seus méritos e capacidade de direcionar sua inteligência para conquistar uma vida digna, são atacados por vozes aturdidas clamando que o Brasil está sendo saqueado.

Existem milhares de brasileiros que estão sendo saqueados diuturnamente do direito ao acesso à educação de qualidade, à medicina de ponta, à assistência jurídica rápida e que supra suas demandas.

Pessoas cuja inteligência forja-se na luta pela sobrevivência. Sim, pois inteligência nao se constrói somente em bancos de escolas, mas é uma graça também concedida aos Lulas, aos Tiriricas e aos milhares de brasileiros que lutam para viver com dignidade. Aliás, sobreviver em um país tão injusto como o nosso é, sobretudo, uma questão de inteligência e não de esperteza.

A soberba dos dirigentes da OAB e seu discurso elitizado em favor do exame de ordem contrapõe-se à inteligência do brasileiro comum que discorda das falácias lançados aos ventos pelo Presidente da OAB, Sr. Ophir Cavalcante, quando este anuncia que o exame imposto pela entidade tem, como objetivo, defender a sociedade contra os bacharéis em direito que tiveram má formação universitária.

Esses brasileiros perguntam-se: por quê a OAB não defende os milhares de bacharéis que ela atribui ter tido má formação universitária ? Se os dirigentes da OAB tivessem interesse em defender a sociedade, não deveriam defender os milhares de bacharéis que fazem parte da sociedade que a entidade alega querer defender ? Não deveriam agir juridicamente contra as faculdades que, de acordo com o Presidente da OAB, Sr. Ophir Cavalcante, praticam estelionato contra os estudantes brasileiros ? Seria natural que os dirigentes da OAB lutassem pelos bacharéis em Direito que farão parte de seus quadros de advogados. Ora, uma entidade que não luta pelos seus estará mesma interessada em lutar pelos outros ?

Verdadeiramente, os atuais dirigentes da OAB jamais estiveram interessados em defender a sociedade brasileira das faculdades de Direito. No entanto, na busca desesperada em manter o lucro que obtém através da realização do exame, joga covardemente a sociedade contra os bacharéis em Direito. Compram espaços caros em revistas semanais para colocar matérias enganosas aos leigos, cujo conteúdo sequer resvala no problema da inconstitucionalidade do exame de ordem.

Os dirigentes da OAB estão interessados apenas em defender a sua sociedade de advogados. Subliminarmente defendem a elitização do acesso à justiça e dos cursos de Direito quando atacam que o problema está na quantidade de número de vagas ofertadas nas faculdades de Direito. Naturalmente, quanto maior o número de faculdades de Direito e de vagas, menor o custo do ensino superior e mais pessoas poderão ter acesso à qualificação profissional. Menos faculdades de Direito, menor número de vagas e cursos mais caros. Resultado, mais elitização do ensino e do acesso à justiça. Essa pirâmide ascendente reflete na lei da oferta e da procura, desencadeia nos altos custos de honorários advocatícios e, consequentemente, menos pessoas podem pagar.

Afirmar que as faculdades de Direito são ruins é mais uma vez subestimar a inteligência de todos. É facilmente verificável que os professores que lecionam nas faculdades de Direito são, via de regra, advogados, promotores, procuradores, juízes; muitos deles, inclusive, também dão aula em cursinhos preparatórios para o exame da OAB.

Se os dirigentes da OAB estivessem interessados em defender a sociedade no que tange a educação brasileira se juntariam aos milhares de professores da rede pública que estão em greve em busca de melhores salários e condições de trabalho. Isso porque, defender a sociedade brasileira é lutar e participar da construção de um Brasil melhor, o que só será possível com uma educação de qualidade e para todos, embora não seja esse o pressuposto que a OAB defenda. Aliás,o problema educacional brasileiro começa nas escolas fundamentais da rede pública e mais tarde irá refletir no ensino superior, não no ensino superior como alardeia a OAB.

O RESTO É SABOTAGEM DOS DIRIGENTES DA OAB CONTRA A DIGNIDADE DE MILHARES DE BACHARÉIS EM DIREITO

Cássia Makhini -
Coordenadora de projetos do MNBD
 
No http://dilma13.blogspot.com/2011/08/o-discurso-elitizado-favor-do-exame-de.html#more

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