Opinão pública julgará STF sobre mensalão, diz Calmon...
A
ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiça, afirmou ontem que o
Supremo Tribunal Federal (STF) será julgado pela opinião pública ao analisar o
processo do mensalão a partir do dia 2 de agosto. "Há por parte da Nação uma
expectativa muito grande e acho também que o Supremo está tendo o seu grande
julgamento ao julgar o mensalão", disse ela pouco antes de fazer uma palestra no
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.
(...)
"Não é
que o Supremo vá se pautar pela opinião pública, mas todo e qualquer poder, no
regime democrático, também se nutre da confiabilidade daqueles a quem ele
serve", completou ela.
Indagada
se a pressão pública pode influenciar o resultado, Eliana afirmou: "O Supremo
não se deixa muito influenciar pela opinião popular, ele sempre se manteve meio
afastado. Mas começamos a verificar que já não é com aquela frieza do
passado."
"Hoje,
eles (os ministros) têm sim uma preocupação porque o País mudou e a população
está participando", afirmou a corregedora da Justiça. "A imprensa influencia,
mas a opinião pública também está sendo formada pelas redes sociais. É uma
participação mais efetiva. Não é ninguém que está fazendo a cabeça da população,
ela se comunica entre si, isso tem causado a sensibilidade do Supremo",
completou.
(...)
Reações
O
advogado do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado pela
Procuradoria-Geral da República como o operador do mensalão, reagiu às
declarações da corregedora. "Nas minhas alegações finais eu faço um comentário
sobre a publicidade opressiva que cerca este processo e faço um pedido ao STF:
que julgue de acordo com a prova dos autos, agrade ou não a opinião pública",
disse Marcelo Leonardo. "Eu prefiro ficar com a frase de um ex-ministro do STF,
quando o tribunal julgou e absolveu Fernando Collor. Ele disse que o Supremo não
era um órgão de opinião pública", afirmou o advogado.
Já José
Luís Oliveira Lima, que defende José Dirceu, minimizou as declarações. "Não
entendo a frase da ministra como uma politização do julgamento, ela falou o
óbvio", disse. "Os ministros são os mais experientes magistrados do País e
saberão lidar com tranquilidade diante de qualquer tipo de manifestação." As
informações são do jornalO Estado de S.Paulo.
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