Proposta bizarra de Russomanno expulsaria pobres dos empregos da área central
26/09/2012 | Publicado por em Geral
As propostas de Russomanno são tão bizarras
que quando ele tenta explicá-las, só piora as coisas. A de cobrar a
passagem por km rodado é talvez a mais absurda de todas. E transformaria
não só sistema público de transporte da cidade numa maluquice, como
aprofundaria ainda mais a segregação entre zonas pobres e ricas.
Em São Paulo quem mora mais longe do centro são as pessoas de menor
renda. É diferente das metrópoles de países de primeiro mundo onde os
ricos vivem nos vales em belas casas distantes do centro.
Aqui a especulação imobiliária vai afastando as pessoas que ganham
menos para as bordas da cidade. Enquanto isso, a maior parte dos
equipamentos culturais, dos empregos, dos hospitais, das faculdades, dos
prédios administrativos se encontra na zona Central. E os que moram em
zonas distantes terão de pagar mais para acessar essa cidade que deveria
ser de todos.
Em relação à questão do emprego, o drama vai ser ainda maior. Se esse
sistema russomannistico vier a vigorar, o contratante vai passar a
considerar de forma muito forte a distância que a pessoa a ser
contratada mora em relação ao emprego.
Neste caso, a doméstica que hoje trabalha na Zona Oeste, em bairros
como Pinheiros, Vila Mariana, Jardins etc., mas mora em Guaianazes,
Marsilac, Cidade Tiradentes, São Mateus, Jardim Pantanal, vai ser
preterida por aquela que mora no Butantã, Pirituba etc. O empregador(a)
vai preferir contratar sempre alguém que more mais perto. Isso vai valer
para o operário da construção civil, de metalúrgicas, para a garota que
trabalha nas centrais de telemarketing.
Quanto mais longe a pessoa vier a morar, mais excluída do mercado de trabalho ela será.
Mas ontem no debate da Gazeta na ânsia de mostrar que a proposta não
era discricionária, mas genial, Russomanno afirmou que o sistema de
aferição das distâncias iria funcionar por biometria. Ou seja, bastaria o
usuário colocar a digital nas máquinas de controle que seriam
instaladas em todos os ônibus na porta de entrada e desaída e as
distâncias iram sendo contabilizadas.
Quem usa sistema de biometria sabe o quão problemático ele é. Muitas
academias que tinham adotado-o, por exemplo, passaram a substituí-lo por
cartões, porque a digital de muitas pessoas não é facilmente
registrável.
Um amigo que trabalha nesta área me disse que há problema para
identificação de digitais pelo sistema de biometria em aproximadamente
10% das pessoas.
Imagine no horário de pico o que aconteceria se esse sistema fosse
utilizado para registro de distâncias em ônibus? Imagine o custo de
manutenção desses equipamentos? Imagine o custo de uma licitação para
contratar a empresa que iria instalar o equipamento em todos os ônibus?
Imagine o risco de todas as digitais das pessoas de São Paulo ficarem à
disposição de uma empresa privada?
Afora tudo isso, a proposta de Russomanno ainda deixaria todos os cobradores de ônibus desempregados.
Mas para alguém que defendeu no Congresso a mudança do termo estupro
para assalto sexual nada é estranho, tudo é pintado como lindo e
maravilhoso. E pode se resolver com a frase: “nós vamos fazer o melhor
para São Paulo”.
No http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2012/09/26/proposta-bizarra-de-russomanno-vai-expulsar-pobres-dos-empregos-da-area-central/
Nenhum comentário:
Postar um comentário