quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A resposta está na seletividade da mulher ao escolher seu parceiro e na reeducação dos filhos.

RESPOSTAS ADEQUADAS (?) PRA GROSSERIAS INADEQUADAS

Depois dos mais de 250 comentários no post anterior, muitos dos quais continuavam sem entender a diferença entre grosseria na rua e cantada, ou diziam não acreditar que mulher que reage tem grandes chances de ser fisicamente agredida (verbalmente é a norma), ou insistiam em ditar modelos de conduta às mulheres - porque, lógico, a responsabilidade pra acabar com esse terrorismo diário de gênero é nossa, não dos homens -, enfim, depois de cada besteira sem noção que foi dita, fico até reticente em publicar este post. Mas, como eu já o havia preparado (no mesmo dia em que preparei o outro), e como estou viajando e não terei tempo de escrever outro, vai esse mesmo. E valha-me deus!
No post “De quem é o abuso de autoridade?” houve muitos comentários pertinentes. Por exemplo, este da Cris: “A grande questão é que a luta não é contra os homens e como alguns já disseram aqui, os homens também sofrem com esse tipo de cultura, sofrendo o peso de serem sempre os machos provedores e garanhões! Não é uma competição de quem é mais vítima! Mas é fundamental destacar que um homem ao sair na rua vestido com sua roupa mais comum, sem nenhum dinheiro e nenhum objeto pessoal dificilmente se sente ameaçado. Já uma mulher não, aliás a maioria das mulheres que eu conheço sente mais medo de uma violência relacionada ao fato de ser mulher do que de um assalto. E isso tudo começa como? Às vezes com uma 'piadinha', uma 'cantada' dizendo que me lambia todinha, como já ouvi vindo trabalhar essa semana. Como eu me senti? Horrível! E com medo! Então... não é exagero! É realidade vivenciada por todas as mulheres, todos os dias!”.
Pois é, eu tenho um pouco de dificuldade em entender que homens (e algumas poucas mulheres) 1) vejam uma grosseria dessas como um elogio, e 2) pensem que têm chances de seduzir alguém com baixaria.
Não sei até quando vamos considerar uma situação dessas, narrada pela Laurinha, como aceitável: “Ontem mesmo em um ônibus presenciei um adulto ensinando pra um menino de uns oito anos como devia se enxergar e se referir à mulheres. Apontava pra mulheres que passavam e dizia coisas como 'imagina aquele b***** no seu colo. Vc gosta?', 'olha como elas gostam de se mostrar, está até rachando'... Deu nojo. E o pior é que a gente não pode fazer nada e se reclama, não é levada a sério ou é ofendida”.
Argh. Tem como achar admissível que um homem ensine um menino de 8 anos que masculinidade é desrespeitar as mulheres?
No post, vári@s comentaristas contaram anedotas de reações bem-sucedidas de moças ao ouvir essas grosserias na rua. Enquanto a gente não torna o padrão de comportamento de assediar mulheres sexualmente na rua inaceitável, vamos ver se alguma dessas respostas funcionaria. Mas sempre deixando claro que, sim, é perigoso reagir (toda mulher conhece alguém que reagiu e apanhou do sujeito que não aceitou ter sua "autoridade" questionada; incrível que vários homens jurem que não, não existe homem que bate em mulher que reage a grosserias) e que quem deve mudar o comportamento são os homens que assediam, não as mulheres que são assediadas.

- Masegui: “Só pra ilustrar o assunto, vai uma história engraçada que aconteceu em Gov. Valadares, onde morei por alguns anos: uma padaria no centro da cidade era um famoso ponto de encontro todas as manhãs. Negociantes, fazendeiros, doleiros e outros exemplares do gênero se reuniam para tomar café, bater papo e fazer negócios. Passou uma moça bonita e um sujeito, metido a garanhão, falou da forma mais descarada possível: 'Nossa, que tesão!' A mocinha não se intimidou, deu uma olhadinha de desprezo e respondeu na lata: 'Enfia o dedo no c* que passa!' O babaca foi motivo de chacota por um bom tempo!

- Nelsonalvespinto: “Se no caso que a Carol relata [ouvir grosserias de um grupo de caras ao passar na frente de um bar] ela tivesse parado na frente dos caras do bar, sacado o celular e dito algo do tipo: 'Alô, amor. Você tá chegando. Olha, teve uns sujeitos que mexeram comigo na rua aqui no bar X. Eu estou te esperando bem na frente deles. Vem logo. Beijo'. Não teria ficado um ....

- Ághata: “Já vi uns depoimentos de gurias dizendo que o melhor método é colocar o dedo no nariz e jogar meleca no cara. Essa eu ainda não tentei”.

- Laurinha: “Pelas experiências que já tive, o que costumo fazer é olhar com a cara bem fechada ou resmungar sozinha, mas bem alto a ponto de todo mundo ouvir 'que nojo', porque assim a gente reage mas sem precisar bater boca com o infeliz e geralmente ficam sem graça, ainda que dêem aquela risadinha tentando fingir que não se importaram ou com cara de susto”.

- Joel Bueno: “Diálogo que presenciei no Centro do Rio:
- Eu te chupava todinha!...
- Tá me achando com cara de piroca?

A dúvida é: o que fazer, enquanto fazemos campanha para que essa estupidez masculina chegue ao fim? (e em vários lugares do mundo esse comportamento já se tornou socialmente inaceitável). A dificuldade, como várias leitoras relataram aqui, é que nós mulheres não somos todas iguais. Algumas são tímidas, outras sentem-se tão humilhadas que se calam, outras não querem andar "armadas" (prontas pra guerra) ao simplesmente colocarem o pé pra fora de casa, outras (meu caso) levam três horas pra pensar numa resposta... Pois é, seria querer demais que homens parassem de falar gracinhas pras mulheres na rua? É mais fácil do que a gente ter que pensar em respostas adequadas pra declarações tão inadequadas.
No http://escrevalolaescreva.blogspot.com/

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