Depois dos 'bandidos de toga', os 'juízes vagabundos'
A ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de
Justiça, já pode ser considerada a personalidade do ano por, pelo menos,
tentar abrir uma das caixas-pretas do Judiciário.
Nas suas primeiras declarações à imprensa, na condição de
corregedora, a ministra causou perplexidade à magistratura. Nunca antes
na história deste país um ministro do Judiciário teve coragem de
declarar que, no meios deles, haviam os "bandidos de toga". Agora, uma
nova declaração da corregedora Calmon está causando furor.
Segundo matéria publicado no jornal O Estado de S. Paulo, a
ministra afirmou ontem (28) que é preciso expor as mazelas internas e
punir juízes "vagabundos", para proteger os magistrados honestos.
"Faço isso em prol da magistratura séria e decente e que não pode ser
confundida com meia dúzia de vagabundos que estão infiltrados na
magistratura", disse, em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do
Senado, para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
amplia e reforça os poderes correcionais do CNJ.
Ainda de acordo com a publicação, a ministra afirmou ser necessário
retomar a investigação que começou a ser feita no ano passado nos
Tribunais de Justiça para coibir movimentações financeiras que poderiam
significar pagamentos suspeitos (e elevados) a desembargadores e
servidores.
A investigação, iniciada pelo CNJ no tribunal de Justiça de São Paulo
e que seria estendida a outros 21 tribunais, foi interrompida por uma
liminar concedida no último dia do ano judiciário pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O processo hoje está
sob relatoria do ministro Luiz Fux e não há prazo para que seja
julgado...
Impunidade
Questionar o combate a corrupção! A que ponto chegaram as
instituições corporativistas do Judiciário em sua defesa de supostas
irregularidades cometidas por eles mesmos! Tudo é tão vergonhoso na
preservação do sigilo que eles reivindicam acerca de seus atos no
serviço público.
Todo funcionário público deveria saber quando assume seu cargo que
ele deve esclarecimento de suas práticas e atividades para o povo
através de instituições de controle como o CNJ.
E a imprensa, que tanto gosta de faxina, se cala!
Será muito interessante a sociedade brasileira, se um jornal ou
revista de circulação nacional, se dispuser a fazer uma ampla reportagem
esclarecendo como, quando, por que e que direitos legais foram usados
para recebimento de vultosas importâncias "patrimoniais" desses
ministros e juízes. Por que estão imunes e blindados de investigações
por orgão especificamente constituído para cumprir com essa obrigação?
Nada mais oportuno do que a ministra Calmon ter aberto essa
discussão – que muito interessa à sociedade brasileira. É urgente abrir a
caixa-preta da Justiça brasileira. Já que estamos num momento muito
firme de nossa democracia, é essa a hora de fazer uma faxina geral e
irrestrita.
No http://www.redebrasilatual.com.br/blog/helena/depois-dos-bandidos-de-toga-os-juizes-vagabundos
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