segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Festival de abobrinha: "Esse dinheiro tem que sair de algum lugar. As empresas vão ter que deixar de comprar, de investir, para arcar com esses custos adicionais." (José Márcio Camargo, da Opus Investimentos, sobre o salário mímimo)

Não seria melhor voltar a escravatura?

Com a escravatura, sem salário, quantos empregos mais poderíamos ter?
A Folha publica hoje matéria sobre o acréscimo de renda provocado pelo aumento do salário mínimo, mostrando que a classe C – mais do que as D e E – é a grande beneficiária dos R$ 63,98 bilhões que serão injetados na economia, ficando com R$ 48 bilhões, contra R$ 12,5 bi apropriados pelas classes D/E.
Corretamente, o diretor do Datapopular explica que o vínculo formal de remuneração da classe C faz este impacto ser mais diretamente absorvido na renda, embora não se mencione que esta diferença, na verdade, é apenas metade do que parece ser, pois a classe C tem hoje quase o dobro do número de integrantes do grupo D/E.
Mas a Folha, claro, não pode deixar de ouvir “o outro lado”. Ou seja, aqueles que sempre arranjam uma “boa razão” para que não se eleve o valor do trabalho do nosso povão. E o escalado é o economista José Márcio Camargo, integrante do núcleo do grupo que migrou de um vago esquerdismo para formar o “bunker” do pensamento neoliberal da PUC do Rio de Janeiro.
Não é preciso comentar, basta transcrever:
“O economista José Márcio Camargo, da Opus Investimentos, é crítico desse incremento econômico (o do aumento do salário-mínino).
“Esse dinheiro tem que sair de algum lugar. As empresas vão ter que deixar de comprar, de investir, para arcar com esses custos adicionais.”
O resultado, diz, é que a renda total -e o consumo-não deverá aumentar tanto quanto se prevê com o aumento do salário.
“Com um lucro menor, as empresas poderão gerar menos empregos”, afirma.
Estamos, atenção, no século 21 e ainda há quem deite doutrina para afirmar que salário-mínimo – e ainda um dos menores do mundo – é empecilho para o emprego e o progresso econômico.
Quem sabe se com a escravatura iríamos ter mais progresso que tivemos com a sólida – embora ainda modesta – elevação dos salários? Afinal, pobre está ficando muito caro, não é?

No http://www.tijolaco.com/

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