terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mãe é suspeita para falar, mas eu não: Dilma está preparadíssima.

"DILMINHA ESTÁ MUITO PREPARADA"

"Dilminha está muito preparada", diz a mãe da presidente Dilma Rousseff Mãe de Dilma Rousseff afirma que a filha tem condições de fazer um bom governo, mas deve tomar cuidado com os inimigos

Dilma Jane Silva em sua casa, no bairro São Luís, região da Pampulha, em Belo Horizonte: segundo ela, a filha tem a postura de

Dilma Jane Silva em sua casa, no bairro São Luís, região da Pampulha, em Belo Horizonte: segundo ela, a filha tem a postura de "chegar e resolver"
Belo Horizonte —
Em conversa de mãe e filha, a política não é o assunto principal. “Se não posso ajudar, por que ela vai me aborrecer com essas coisas? Ela é de falar pouco e agir muito. Tem a postura de chegar e resolver”, diz Dilma Jane Silva. Aos 86 anos, a mãe da presidente eleita, Dilma Rousseff, afirma que não precisa dar conselhos, pois a filha sabe mais do que ela e está “preparada” para receber a faixa presidencial. Em entrevista ao Correio ontem, ela descreve a ex-ministra como uma “pessoa leve” que conseguiu superar as “difíceis lembranças do regime militar” em busca de um ideal. “Ela lutou e foi torturada. Depois, seguiu carreira política. Não ganhou nada com isso. A Dilminha fez tudo por um ideal de vida: quer trabalhar pelo Brasil. Ela acha que pode melhorar o país.”


A casa no bairro São Luís, Região da Pampulha, área nobre de Belo Horizonte, onde Dilma Jane mora, deve ficar vazia nos próximos quatro anos. “Ela precisa de alguém de confiança para ficar com ela. Devo passar muito tempo em Brasília”, diz a mãe da futura presidente. Ter boas pessoas ao lado é o principal desafio apontado pela dona de casa para a filha. “Trabalho não é problema. O perigo é o inimigo. Muita gente se faz de amiga, mas na verdade é traiçoeira. O maior risco para Dilminha são os inimigos”, afirma. Para ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, teve a “sorte” de ter a economista ao lado. “Dilminha é uma pessoa leal. Essa é a sua melhor qualidade. Ela ficou muito feliz ao ser chamada para trabalhar com ele, porque ele é um presidente do povo.”

Questionada se a filha será melhor governante que Lula, ela diz que não tem como fazer a comparação, mas elogia a gestão do atual chefe do Executivo. “Lula é um excelente presidente. É um operário inteligente. Não tinha estudo, mas contou com a escola da vida, que é muito mais importante do que qualquer universidade”, conta, acrescentando que votou no petista em 2002 e em 2006. A dona de casa diz ainda que dará poucos palpites na gestão da filha. “Mãe não foi feita para dar conselhos. Os nossos são bobos, antigos e retrógrados. Não sei nem metade do que ela sabe. Ela estudou muito”, afirma.

Criança alegre
Segundo Dilma Jane, a ex-ministra era uma criança alegre. “Dilminha” nasceu em Belo Horizonte, em 1947, e cresceu na Rua Major Lopes, zona sul da capital mineira, ao lado dos irmãos Igor e Zana Lúcia, já falecida. A mãe diz que o gênio de Dilma é o mesmo do pai, o búlgaro Pedro Rousseff. “Ele era enérgico, discutia política e gostava de literatura e de teatro. Ela deve ter herdado o jeito da família dele”, comenta, acrescentando que o pai morreu em 1962 e que não mantém contato com os parentes estrangeiros. Mas a dona de casa vê características suas presentes na filha. Questionada se Dilma é carinhosa, ela é enfática: “Melosa, não, porque também não sou melosa. Ela é atenciosa e caridosa. Mas ninguém pode querer que ela sorria o tempo inteiro”.

Para ela, a seriedade da filha traduz-se na preocupação com o ideal de trabalhar para melhorar o país. “Ela tem vocação para isso. Quer trabalhar pelos pobres. Eu falo com ela que não dá para mudar o mundo. Mas o que posso fazer se é o ideal dela?”, questiona.

Durante a campanha, Dilma Jane passou um mês e meio com a neta Paula, filha da futura presidente, e com o bisneto Gabriel. Paula e Gabriel moram em Porto Alegre, onde a dona de casa se cadastrou para votar em trânsito no segundo turno e, como voltou a Minas, não pôde ajudar a filha nas urnas. “Achei que fosse votar em Porto Alegre, mas vim tranquila para Belo Horizonte porque me informaram que poderia votar aqui. Fiquei chateada ontem (domingo), mas passou.” Depois da apuração e da divulgação do resultado, ela conversou rapidamente com a filha. “Liguei a televisão quando falaram que começaria a apuração e já deram que ela estava eleita. Fiquei muito orgulhosa. Falei rapidamente com ela. Só assunto de mãe e filha. O abraço ainda vai demorar porque ela precisa descansar.”

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