General, a verdade só machuca quem mente
Os
nossos chefes militares, de quem só se pode louvar o comportamento que
têm tido de respeito às instituições democráticas, sabem, pela
experiência que têm com a disciplina e a hierarquia que, quando se
deixa passar a pequena transgressão, vêm outra e outra e outra, sempre
maiores.
Resolveu-se, há dias, sem apelo aos regulamentos militares, pelo
diálogo, uma nota mal-posta dos dirigentes dos clubes militares. Muito
bem, melhor sempre a conversa que a ordem.
Mas, na instituição militar mais fortemente que nas civis, é preciso ordem.
A manifestação do general da reverva Luiz Eduardo Rocha Paiva no jornal O Globo,
hoje, vai além de uma simples expressão de opinião. É um desrespeito
não apenas a uma decisão legislativa mas, também, à própria figura da
presidenta da República, sua comandante-em-chefe.
Mais: constitui-se num incitamento a que militares da ativa se
insurjam contra ambas, à medida em que diz que os que não manifestarem
insatisfação “não são dignos de serem chefes”.
O general chama de “parcial e maniqueísta” uma comissão que sequer se
instalou e nem ainda funciona. Como poderia ser parcial ou
maniqueísta?
E chega, vejam, a dizer sobre Wladimir Herzog: “quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado?”
Com todo o respeito: teriam sido marcianos, general?
A Comissão da Verdade é, exatamente, contra este tipo de
encobrimento, que ainda hoje nega às familias o direito de enterrar seus
mortos, como se lê na entrevista de Eliane Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, outro a quem o general vilipendia com uma postura eivada de cinismo.
O General Paiva prestou um imenso desserviço às Forças Armadas. Não é
contra elas, nem contra seus integrantes, a Comissão da Verdade.
O general leva, com este comportamento, seus chefes à dura e
desagradável decisão de puni-lo, nos moldes do regulamento que ele
conhece e que a reserva não deixa de obrigar a respeitar.
Talvez, até, seja esse seu objetivo: o de “chamar a punição” para fazer-se de vítima da “intransigência” da esquerda.
O general não é vítima. Vitima é quem é tratado com deboche por ele:
os mortos da ditadura, a lei civil legítima e as autoridades a quem ele
deve obendiência.
No http://www.tijolaco.com/
2 comentários:
Ainda existe lei neste pais senhora...não podemos passar informações sem conhecimento e forma errôneo, vamos estudar um pouco, pois só faz bem aos leitores
Os dois textos em que militares da reserva se manifestam não têm nada de indisciplina ou de ilegalidade. Eles estão amparados na lei. Se decidirem levar a coisa adiante e recorrer da punição, a questão pode ir parar no Supremo. E então vamos ver se a lei vale ou não no país.
Para anônimo
A que linha de estudos você se refere? A de que o golpe militar foi um movimento? Sobre as leis, elas não são eternas e tudo é questão de interpretação. Quanto a você, identifique-se para eventual comentário, pois palavra de anônimo não se sustenta.
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