Análise da Educação, a partir de uma greve
Por Maria Ivete Silva
Durante a greve da Rede Estadual de Ensino, pudemos observar
que nós, professores, não temos apenas o governador Jaques Wagner contra essa
luta (que é justíssima) pelos nossos direitos. Observa-se, também, nas redes
sociais e no “silêncio” da sociedade, que, infelizmente, alguns pais e alguns
alunos, que deveriam ser nossos aliados, quando se manifestam, expõem sua
insatisfação com os profissionais da Educação, por terem aderido à greve, e com
isso se sentem no direito de agredi-los com palavras que atingem, desde o seu
compromisso com o trabalho ao seu direito de lutar pelo salário digno e
melhores condições de trabalho.
Enquanto professora da Rede Estadual, com 21 anos de sala de
aula, o cenário que trago em minha memória, infelizmente, com relação à Escola
Pública, é muito triste, pois tenho certeza que se todos (pais, alunos,
professores, gestores e autoridades públicas) cumprissem, com responsabilidade,
os seus papéis, estaríamos, hoje, numa outra conjuntura educacional. É isso
mesmo, pessoal, se a escola pública está como está, cada um desses segmentos
deverá repensar o seu papel e, digo mais, cobrar o que lhe é de direito, pois o
ano letivo (200 dias), normalmente, não é questionado, com relação ao seu
cumprimento, exceto quando estamos em greve. Tenho lido vários comentários de
pais criticando o professor, e até sugerindo que deixe o emprego, quando no dia
a dia do seu filho, ele nem conhece esse professor, pois o mesmo se recusa a
comparecer às reuniões escolares, alegando todo tipo de desculpa e deixando que
a escola “cuide” do que ele deveria cuidar também. Ao aluno cabe ir à escola
todos os dias, mas ele decide se assiste aulas ou não, se o professor é bom ou
não, se fica nos corredores ou não. A realidade é que eles estão muito
precocemente tomando suas decisões, e os pais acreditando que a Escola é um
porto seguro, quando, na verdade, todos são responsáveis pela formação do
aluno, e não somente o professor.
Até quando vamos nos omitir da responsabilidade de educarmos
nossos filhos e alunos? Que tipo de cidadão queremos deixar para o Brasil?
Outro papel a se questionar é o do Professor. Se todos
tivessem o mesmo compromisso, os pais poderiam ficar tranquilos. Eu, por
exemplo, tenho meus filhos na Escola Pública e acredito, primeiro no meu papel
de mãe, segundo na escola, porque eu vou acompanhar a vida escolar do meu
filho. Avalio tudo, desde o comportamento dele ao desempenho dos professores e
da direção escolar. Questiono, cobro, mas não entrego apenas à escola ou ao
professor. Esta é uma tarefa árdua que envolve a todos. Enquanto houver família
longe da escola, a coisa é complicada!
Acordem pais, pois nossos filhos ainda não conseguem andar
sozinhos! Vamos unir forças para que a Educação pública seja de qualidade. Sem
essa de procurar culpados num processo onde os envolvidos se ignoram
mutuamente. É hora de lutar e cobrar os seus, os meus, os nossos direitos.
Claro que só podemos fazer isso, a partir do cumprimento dos nossos deveres.
Isto é que é CIDADANIA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário