sábado, 26 de maio de 2012

"Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." Artigo 205 do Constituição da Republica Federativa do Brasil 1988

Análise da Educação, a partir de uma greve


Por Maria Ivete Silva



Durante a greve da Rede Estadual de Ensino, pudemos observar que nós, professores, não temos apenas o governador Jaques Wagner contra essa luta (que é justíssima) pelos nossos direitos. Observa-se, também, nas redes sociais e no “silêncio” da sociedade, que, infelizmente, alguns pais e alguns alunos, que deveriam ser nossos aliados, quando se manifestam, expõem sua insatisfação com os profissionais da Educação, por terem aderido à greve, e com isso se sentem no direito de agredi-los com palavras que atingem, desde o seu compromisso com o trabalho ao seu direito de lutar pelo salário digno e melhores condições de trabalho.

Enquanto professora da Rede Estadual, com 21 anos de sala de aula, o cenário que trago em minha memória, infelizmente, com relação à Escola Pública, é muito triste, pois tenho certeza que se todos (pais, alunos, professores, gestores e autoridades públicas) cumprissem, com responsabilidade, os seus papéis, estaríamos, hoje, numa outra conjuntura educacional. É isso mesmo, pessoal, se a escola pública está como está, cada um desses segmentos deverá repensar o seu papel e, digo mais, cobrar o que lhe é de direito, pois o ano letivo (200 dias), normalmente, não é questionado, com relação ao seu cumprimento, exceto quando estamos em greve. Tenho lido vários comentários de pais criticando o professor, e até sugerindo que deixe o emprego, quando no dia a dia do seu filho, ele nem conhece esse professor, pois o mesmo se recusa a comparecer às reuniões escolares, alegando todo tipo de desculpa e deixando que a escola “cuide” do que ele deveria cuidar também. Ao aluno cabe ir à escola todos os dias, mas ele decide se assiste aulas ou não, se o professor é bom ou não, se fica nos corredores ou não. A realidade é que eles estão muito precocemente tomando suas decisões, e os pais acreditando que a Escola é um porto seguro, quando, na verdade, todos são responsáveis pela formação do aluno, e não somente o professor.

Até quando vamos nos omitir da responsabilidade de educarmos nossos filhos e alunos? Que tipo de cidadão queremos deixar para o Brasil?

Outro papel a se questionar é o do Professor. Se todos tivessem o mesmo compromisso, os pais poderiam ficar tranquilos. Eu, por exemplo, tenho meus filhos na Escola Pública e acredito, primeiro no meu papel de mãe, segundo na escola, porque eu vou acompanhar a vida escolar do meu filho. Avalio tudo, desde o comportamento dele ao desempenho dos professores e da direção escolar. Questiono, cobro, mas não entrego apenas à escola ou ao professor. Esta é uma tarefa árdua que envolve a todos. Enquanto houver família longe da escola, a coisa é complicada!

Acordem pais, pois nossos filhos ainda não conseguem andar sozinhos! Vamos unir forças para que a Educação pública seja de qualidade. Sem essa de procurar culpados num processo onde os envolvidos se ignoram mutuamente. É hora de lutar e cobrar os seus, os meus, os nossos direitos. Claro que só podemos fazer isso, a partir do cumprimento dos nossos deveres. Isto é que é CIDADANIA.

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