terça-feira, 29 de maio de 2012

Greve dos professores?BA: "gostaria que a direção explicasse como se deu o quantitativo desses professores que retornaram, já que fora feita questão de publicizar o quantitativo exato numa tentativa (entendo eu) de demonstrar que a maioria venceu. "

  • PROF. JOSÉ HILÁRIO   |   28/05/12  21h21m
    Meu nome é José Hilário. Sou professor efetivo do Colégio Carlina Barbosa. Não voltei a lecionar. Respeito a decisão dos meus colegas de trabalho que retornaram. Entretanto, eu tenho alguns questionamentos a serem feitos. Como é sabido por todos, lecionar precede preparar aulas. Preparar aulas precede, além do domínio do conteúdo por parte do professor, o conhecimento da realidade das turmas para que se possa, de fato, alcançar o todo, ou, pelo menos, o máximo possível. Sabe-se que cada turma não é homogênea. Há, portanto, as especificidades e variações pertinentes a cada ser humano. Assim, entendo que juntar turmas não é o método mais adequado, pois se cada turma é uma realidade e tem suas limitações, juntá-las requer um domínio maior desse professor num contato mais amplo com a heterogeneidade e variedade. Soube que se tem um horário especial. Pergunto: esses planos de aulas foram e estão devidamente adequados para essa mudança? Sei que não é de minha alçada, contudo é só curiosidade e preocupação de educador. Enfim, o que quero dizer é que leciono, dentre outras, nas turmas do 1º C, D e E, do vespertino, e reconheço que cada turma tem seu perfil, desenvoltura e limitação. Se eu opto por juntar os alunos dessas turmas, terei uma dificuldade muito maior em transmitir os conteúdos e lidar com essas diferenças e especificidades de cada um. Destarte, juntar turmas, na conjuntura atual do colégio, é simplesmente uma tentativa "forçada" de manter os alunos no colégio e demonstrar que tudo está fluindo bem. É o MEU entendimento. Saliento que nas poucas vezes em que juntei turmas, fiz com o propósito de os alunos assistirem a vídeos ou para realizarem avaliações escritas e individuais. Logo, como se percebe, não requereu uma metodologia especial da minha parte, já que é muito simples executar um vídeo no data show e entregar avaliação para que o aluno, individualmente, leia e interprete. Outra coisa: gostaria que a direção explicasse como se deu o quantitativo desses professores que retornaram, já que fora feita questão de publicizar o quantitativo exato numa tentativa (entendo eu) de demonstrar que a maioria venceu. Para início de conversa: quem nunca foi a lugar algum não retorna. Fato. Logo, a direção erra quando afirma que 36 professores voltaram. Não são 36. Alguns nunca foram (ou seja, nunca aderiram à greve, estavam no colégio assinando os pontos, alguns cumprindo os horários - intriga-me os do noturno, já que sou professor desse turno, me dirigir ao colégio em algumas noites, e o colégio estava fechado - e recebendo por isso). Portanto, a afirmativa que se utiliza desse quantitativo está distorcida. Outra coisa: são professores, claro, não deixam de ser. Agora pergunto: esses mesmos 36 que a direção afirma que voltaram a lecionar, eles poderiam votar (estariam aptos) na eleição para gestores, ocorrida há pouco tempo? Questiono isso porque entendo que dentro desse quantitativo expressivo, um professor, em alguns casos, vira dois. Logo, entendo que não se poderiam computar esses dois votos. Por fim, reafirmo que estou no movimento grevista, pretendo continuar até o fim e luto por uma causa coletiva. Se conseguirmos êxito (sucesso), eu terei consciência de que lutei e fui parte ativa dessa vitória; se não lograrmos o êxito esperado, terei, também, a consciência tranquila de que fiz a minha parte, isto é, de que o meu discurso, aqui, condisse com a minha prática e vice-versa. 

    Comentário sobre a postagem "Greve dos Professores: Colégio Carlina volta às aulas parcialmente nesta segunda-feira (28)", no http://www.ozildoalves.com.br/internas/read/?id=12948

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