Dilma dribla crise
da poupança e a oposição
- Publicado em 03/05/2012
Saiu no Globo:
Mantega confirma rendimento da poupança em 70% da Selic mais TR
RIO E BRASÍLIA – O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, confirmou que os novos depósitos na caderneta de
poupança serão remunerados em 70% da Selic, sempre que a taxa básica de
juros do país atingir o valor de 8,5% ano ano ou menos. A medida só
vale para os novos depósitos, realizados a partir desta sexta-feira, 4
de maio, quando a mudança entra em vigor.
Hoje, a taxa Selic está em 9% ao
ano, mas poderá cair novamente na próxima reunião do Comitê de Política
Monterária (Copom) marcada para os dias 29 e 30 deste mês.
-Se o Copom decidir baixar a Selic
para 8% ao exemplo, o rendimento será de 70% deste valor, ou seja, 5,6%
ao ano, mais a TR – explicou o ministro. Pelas regras atuais, a
caderneta rende 6% ao ano mais a TR.
Segundo Mantega, as mudanças são mínimas e não afetam os interesses e benefícios dos correntistas
- Não há rompimento de contrato, usurpação da renda, nem prejuízos – destacou.
O ministro também enfatizou que não
há mudanças imediatas, que rentabilidade continuará diária e a poupança
continua isenta de Imposto de Renda. Hoje, o país tem 100 milhões de
cadernetas, com um depósito total de R$ 431 bilhõe
- No presente momento não haverá alteração nem na velha poupança e nem na nova, porque a Selic está em 9% – destacou.
A mudança abre espaço para que o
Banco Central (BC) continue reduzindo as taxas de juros no país sem
gerar desequilíbrios no mercado. No formato em que está, a poupança tem
uma remuneração garantida de TR mais 6% ao ano. Já outras aplicações,
como fundos de investimentos, dão ganhos que variam de acordo com a
Selic.
Por isso, se os juros continuarem
caindo no país, existe o risco de a poupança passar a render mais que os
fundos. Com isso, ela poderia passar a ter uma captação excessiva,
retirando investidores de outras aplicações. Como 65% dos depósitos na
poupança precisam ser aplicados em habitação, haveria dinheiro demais
para esse tipo de operação e de menos para outros. Além disso, como os
fundos são compostos em boa parte dos títulos públicos, uma saída deles
poderia acabar prejudicando a gestão da dívida pública.
Centrais sindicais gostam da proposta
As duas principais centrais
sindicais – CUT e Força Sindical – saíram da reunião com a presidente
Dilma Rousseff, dizendo que a proposta do governo é positiva, porque não
mexe nos depósitos atuais. A Força Sindical, segundo seu presidente, o
deputado Paulo Pereira da Silva, vai apoiar a proposta como um todo. Já o
presidente da CUT, Artur Henrique, afirmou que a central precisa
debater a proposta antes de manifestar sua posição.
- A gente achou que não mexer nas
atuais poupanças é positivo. Seria ruim para nós se o governo mexesse
nos atuais poupadores. Daqui para frente quem vai poupar pode decidir se
vai por na poupança ou em outros fundos que existem. Mas o ministro
Guido Mantega disse que os outros fundos terão um rendimento muito
parecidos ao da poupança. Do nosso lado, a gente acha que essas mudanças
não teriam impacto na vida das pessoas que estão hoje poupando. Como
não mexe com as atuais, as pessoas não terão direitos feridos, a Força
Sindical tende a apoiar – disse o presidente da Força Sindical.
Segundo Artur Henrique, a CUT vai fazer reuniões internas para debater o tema.
- A CUT vai analisar e depois
anunciar seu posicionamento. É uma medida que precisa ser analisada com
cautela. Não mexe com os atuais, isso é positivo. Vamos debater com mais
cautela o impacto da medida nos demais fundos – disse o presidente da
CUT.
As centrais tentaram incluir na
discussão a pauta de reivindicações do movimento sindical, especialmente
o fim do fator previdenciário e a isenção de Imposto de Renda da
participação nos lucros e resultados (PLR), mas a presidente não deu
espaço para outros temas. Dilma prometeu tratar desses dois assuntos em
outra reunião.
- Tentamos discutir com a
presidente, mas ela não quis discutir isso hoje. O Artur falou do fim do
fator previdenciário e isenção do Imposto de Renda na PLR, mas ela não
recebeu muito bem. Depois de muito insistirmos, ela disse que vai
discutir nas próximas reuniões, mas que nós temos de entender o momento
que o Brasil passa e o momento que ela está passando – afirmou o
presidente da Força Sindical.
Ele disse que as centrais não tentaram condicionar o apoio à proposta às reivindicações do movimento sindical:
- Queremos resolver a nossa pauta, mas não condicionamos. O clima não estava bom.
“Não há guerra contra bancos”, afirma Gilberto Carvalho
O ministro da Secretaria Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho, confirmou que a presidente
deve anunciar as mudanças ainda nesta quinta-feira. Apesar de o discurso
da presidente ter voltado a criticar as altas taxas praticadas pelos
bancos, o ministro negou que haja uma guerra contra as instituições
financeiras. Segundo o ministro, o que existe é um “movimento para
estimular a queda dos juros”.
O ministro não quis antecipar
qualquer alteração, mas disse que a presidente deve comunicar as
mudanças primeiro nas reunião que terá com o Conselho Político, depois
com as centrais sindicais e com os empresários
Carvalho disse também que as
mudanças no recolhimento do imposto de renda sobre a distribuição de
lucros das empresas, pois ainda não estariam sacramentadas. Há decisão
de fazer as alterações, mais ainda não definição sobre quais serão as
mudanças, disse.
O PPS é o partido dos comunistas que aderiram à Carta de Vinhos do Fernando Henrique Cardoso.
Um dos ilustres parlamentares do PPS, Raul Jungmann, expoente da CPI
dos Amigos do Dantas, foi para o horário eleitoral dizer que o Lula ia
expropriar a poupança.
É porque a Dilma agiu rápido, senão, o PIG (*) embarcava numa
campanha para aterrorizar os 11 milhões de poupadores em caderneta.
A solução anunciada reduz os juros e desvaloriza o real.
Preserva os direitos adquiridos e cria uma regra compatível com o país que quer ter taxas de juros de padrão internacional.
O Jungmann foi devidamente rejeitado pelo eleitor de Pernambuco.
E o PIG, pelo leitor.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores,
de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de
televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num
partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
No http://www.conversaafiada.com.br/economia/2012/05/03/dilma-dribla-crise-da-poupanca-e-a-oposicao/
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