segunda-feira, 13 de setembro de 2010

OPINIÂO: Dep. Brizola Neto, do blog Tijolaço

O que vimos, ontem, foi uma Dilma com a soberania de si mesma, e as poucas gaguejadas vieram mais de falta de traquejo oratório do que de qualquer sentimento de insegurança. Sem alterar-se, reagiu de maneira firma e indignada às acusações e mostrou convicção. Sua defesa de Erenice Guerra foi correta e equilibrada como tem de ser a de um governante: nem se associa como um oportunista à agressão e, não condena nem absolve previamente qualquer pessoa, deixando que as instituições façam seu trabalho.

Outra coisa que me pareceu bem foi o fato de ter dosado corretamente a sua característica de continuadora de Lula com sua própria natureza. Ao contrário do que ocorreu lá atrás – vejam como 40 dias são uma eternidade numa campanha – no debate da Band, agora já está fixado quem é quem, quem está em que campo.

Aí está o que considero o grande ganho de qualidade na imagem de Dilma no debate de ontem: ela firmou-se, diante dos olhos de seus eleitores, como alguém com luz própria, com identidade, preparo, firmeza e habilidade, sem que nada disso a afaste do caminho de continuidade com avanço que a condição de candidata de Lula lhe dá.


José Serra, ao contrário, foi, na minha opinião, um desastre. Podem dar a bala de prata que quiserem, que com um atirador destes não mata nem mosquito. Não apenas está perdendo a eleição. Está perdido na eleição.

Não tem uma idéia a defender. [...]

Puxe pela memória e tente lembrar de algo que ele tenha dito que vai fazer? Acho que tirando aquela história da Defesa Civil Nacional – eu adoraria poder ter dito que concordava com a idéia e que ela ia ajudar muito em situações como a do Jardim Romano, em São Paulo – que ficou dois meses debaixo d´água – não tem nenhuma idéia, nenhuma proposta.
[...] tudo em Serra soa falso, frio e artificial, talvez mesmo porque seja esta a única verdade: tudo nele é mesmo falso, frio e artificial.

Ao contrário de Dilma, Serra apenas desqualificou-se diante dos seus cada vez mais parcos eleitores. Como sustentar, com aquele desempenho, o discurso de que ele é o mais preparado, o mais experiente, o mais qualificado pessoalmente? É ruim, hein, como diz o pessoal aqui no Rio…Serra mostrou que só impera quando tem na mão o cetro do poder: aí pode mandar. Se tiver de enfrentar, em igualdade de condições, vira um animalzinho assustado, que mostra os dentes na esperança de que os outros vão tremer de medo, quando é ele que mal (e bota mal nisso) consegue disfarçar seu pavor.

Plínio achou que podia repetir seu desempenho simpático do primeiro debate e quis ser histriônico. Acabou sendo ridículo, especialmente na resposta sobre a Petrobras. Não saber a importância de construir no Brasil ou lá fora dezenas de plataformas de exploração, que custam centenas de bilhões de reais e geram uma multidão de empregos não é aceitável para um candidato a vestibular, quanto mais a um candidato a presidência.

 
 
 
 
 
 
De Marina, ficou clara a estratégia de “pescar” os votos da direita desiludida com Serra. Mas – perdoem-me seus simpatizantes, porque isso é uma crítica ao desempenho político, não à pessoa – ela passa uma imagem muito arrogante e autoritária, ainda que o teor do discurso não o seja. Consegue perder no quesito que apontavam como calcanhar-de-aquiles de Dilma: simpatia.

Nenhum comentário: