"Neste artigo, gostaria de fazer um apelo aos pais e alunos sobre o apoio à nossa greve: juntem-se a nós, pois somente através de uma educação de qualidade será possível colher a longo prazo. Os frutos dessa semente serão para várias gerações, entraremos para a História como seres que não visam apenas interesses particulares, mas com imensa visão de coletividade."
Falsa Democracia
Por: Maria Ivete Silva
Como uma pessoa “minimamente”
politizada, sempre promovi debates em sala de aula sobre o verdadeiro
significado da palavra democracia, levando-se em conta que habitamos um país cujo sistema de governo
diz-se democrático. Na realidade, vemos que na prática temos uma ditadura
revestida de democracia.
Segundo Marilena
Chauí (1980), as determinações constitutivas do conceito de democracia são as
ideias de conflito, abertura e
rotatividade. O conflito, como
já vimos em belas aulas de História, é o que enriquece a nossa História, onde
aqueles que se destacam, nos são apresentados como mártires. Este (o conflito) não
deve ser camuflado, pois é quase inevitável entre os poderes, a partir das dificuldades na conquista dos seus
direitos. Na ideia de abertura, Marilena
Chauí destaca a necessidade da ampla extensão da educação, pois um povo
instruído aumenta seu poder de reivindicação, além disso, na democracia, a
cultura não é privilégio de alguns. A característica de rotatividade determina que “o poder na democracia não privilegia
grupo ou classe , mas permite que todos os setores da sociedade sejam
legitimamente representados, transitoriamente.
De acordo com as
ideias de Marilena Chauí, percebo a greve da Rede Estadual de Ensino como algo
inevitável, uma vez que nos sentimos lesados por um sistema de governo que se
diz “democrático”, e suas ações simplesmente comprovam, na prática, o que
sempre discutimos em nossas aulas sobre
a falsa democracia que a grande maioria dos “políticos” pregam em seus
discursos de campanhas, principalmente utilizando a Educação como meta de seu
governo. Aliás, quero deixar registrado aqui que, infelizmente, ainda não
descobri um partido sequer que tenha priorizado a Educação, quando esteve no
poder.
É verdade, pessoal,
um dia nossa visão romântica cai por terra e percebemos que o “príncipe
encantado” não passa de um sapo horroroso (com todo respeito ao mundo animal).
E, como estamos numa época nada romântica, é bom evitarmos desilusões futuras.
As atitudes do
governador têm prejudicado a todos (pais, alunos e professores), achando ele
que alguém em sã consciência (com exceção dos alienados), vai acreditar que
ele está preocupado com quem quer que seja. O que mais me deixa indignada é
saber que o Judiciário está sempre lhe dando ganho de causa ou, no máximo,
recusando-se a julgar.
Hoje, estou mais
madura politicamente, pois tive a certeza de que não convém a nenhuma
autoridade que a Educação tenha a qualidade necessária para formar cidadãos
plenos, com plena consciência dos seus direitos, porque uma vez no poder, é
típico do ser humano querer permanecer “até que a morte os separe”.
Neste artigo,
gostaria de fazer um apelo aos pais e alunos sobre o apoio à nossa greve:
juntem-se a nós, pois somente através de uma educação de qualidade será
possível colher a longo prazo. Os frutos
dessa semente serão para várias gerações, entraremos para a História como
seres que não visam apenas interesses particulares, mas com imensa visão de
coletividade.
Maria Ivete Silva é Pedagoga, Psicopedagoga, Professora da Rede Estadual de Ensino do Estado da Bahia, no Município de Paulo Afonso. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário