domingo, 3 de junho de 2012

Se for preciso pediremos dinheiro na praça - "O gesto da esmola não é ainda o mais nobre. Há alguém humilhado por ele." Medeiros de Albuquerque

De forma bastante bem-humorada, mas sem perder o tom da revolta, Gislaine levou a assembléia às gargalhadas ao narrar suas aventuras para pagar dívidas, comprar “fiado” na farmácia e jogar para frente a fatura do cartão de crédito – tudo em função do corte no salário promovido pelo governador Wagner. “Olha, se eu tinha um resto de vergonha guardada em algum canto ela acabou todinha depois do que o governador fez comigo”, disse.
Vale a pena ouvir e ler o relato que transita entre o cômico e o trágico:

“Vou dar dicas de como pagar as dívidas, que é o meu caso. Eu tenho um filho que estuda em Porto Alegre, faz Medicina na Federal, e só um livro custa R$ 1.800. Então, um curso extremamente caro, mesmo sendo público. E como foi que paguei minhas dívidas esse mês? Eu negociei, gente; a gente não pode ter vergonha de assumir que o governador cortou nosso salário, quem deveria ter vergonha é ele. Não tenho um pingo de vergonha de dizer que não recebi dinheiro esse mês. Eu tive doente e três comprimidos de um remédio que eu preciso tomar custam R$ 78. Eu não tinha dinheiro para comprar e não ia pedir esmolas nas ruas. Fui às farmácias. Na quarta farmácia, o dono parou para me ouvir. Eu disse: ‘meu senhor, preciso desse remédio, mas não tenho como pagar agora; nunca fui caloteira, nunca devi nada ninguém’. Eu fiz um acordo com ele: só vou pagar quando o governador pagar meu salário. Eu liguei para a fatura do cartão, que é o cartão que meu filho usa para alimentação. E eu não sou de desanimar, não. Primeiro veio aquele: ‘você quer falar com a atendente, disque 9’; eu disquei 9. Quando eu falei com a atendente, eu tenho certeza que ela riu de minha cara. Ela disse: ‘não costumamos fazer esse tipo de negociação’. Perguntei se ela tinha um coordenador, ela disse que tinha, mas que seria inútil. ‘Quero, mesmo sendo inútil; eu já estou inútil mesmo dentro de casa, com febre’. Me disse: ‘Só o SAC resolve’. Liguei para o SAC e o cartão me deu 30 dias para pagar a fatura, sem juros. Olha, se eu tinha um resto de vergonha guardada em algum canto ela acabou todinha depois do que o governador fez comigo”.

No http://blogdofabiosena.com.br/v1/em-assembleia-professora-da-dicas-de-sobrevivencia-com-salarios-cortados/

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